Índice japonês tem 4ª maior alta da história em pontos com otimismo moderado sobre negociações de tarifas com os EUA.
O principal índice acionário do Japão, o Nikkei 225, teve nesta terça-feira sua quarta maior alta em pontos da história, subindo 1.876,00 pontos (6,03%), e encerrando a sessão aos 33.012,58 pontos. A disparada ocorre após três dias consecutivos de perdas acentuadas e foi impulsionada por esperanças de avanço nas negociações comerciais entre Japão e Estados Unidos.
O índice mais amplo Topix também registrou forte valorização, ganhando 6,26% (143,36 pontos) e fechando em 2.432,02. Todos os setores listados no Prime Market apresentaram alta, com destaque para ações dos ramos de metais não ferrosos, seguros e bancos.
Apesar do otimismo no mercado acionário, o iene pouco se mexeu frente ao dólar, que operou na faixa dos 147 ienes em Tóquio. Operadores explicam que, sem uma mudança concreta nas políticas tarifárias do governo Trump, os investidores não tiveram incentivo suficiente para comprar dólares com mais força.
Às 17h em Tóquio, o dólar era cotado a 147,39 ienes, contra 147,75 em Nova York no dia anterior. Já o euro estava em $1,0923 e 161 ienes.
A taxa dos títulos públicos japoneses de 10 anos subiu para 1,255%, revertendo a queda da véspera provocada por compras defensivas motivadas pelo temor com as tarifas dos EUA. Quando o preço dos títulos cai, o rendimento sobe.
No mercado de ações, o salto de hoje veio após a terceira maior queda em pontos da história do Nikkei na segunda-feira. A melhora no sentimento dos investidores se deu após o primeiro-ministro Shigeru Ishiba conversar por telefone com o presidente dos EUA, Donald Trump, e concordar em continuar o diálogo sobre as novas tarifas. No entanto, o Japão não conseguiu garantir uma isenção.
Com o iene mais fraco, ações de exportadoras foram procuradas, já que o câmbio favorece os lucros em moeda estrangeira. Papéis de empresas de chips também dispararam, acompanhando o movimento positivo do setor nos Estados Unidos na véspera.
Ainda assim, o salto no índice foi recebido com ceticismo:
“Esse rali parece mais uma reação técnica do que uma tendência sustentável”, avaliou Kazuo Kamitani, estrategista da Nomura Securities. “O Nikkei fica pesado acima dos 33 mil pontos, e talvez só em maio os investidores consigam entender o real impacto das tarifas na economia japonesa”, acrescentou.
Nos últimos três pregões, o Nikkei acumulava uma queda superior a 4.500 pontos, e muitos analistas alertam que a incerteza global ainda está longe de ser resolvida.