Nissan registra prejuízo recorde de ¥670 bi em balanço do ano fiscal

Montadora japonesa enfrenta queda nas vendas e revisa estrutura produtiva, planejando reduzir fábricas e capacidade global.

A Nissan divulgou seu balanço financeiro referente ao ano fiscal encerrado em março de 2025, registrando um prejuízo líquido de aproximadamente 670,8 bilhões de ienes (cerca de 5 bilhões de dólares), o maior da história da empresa. Em resposta à crise, a montadora anunciou um plano de reestruturação que inclui a redução de 20 mil postos de trabalho globalmente até o ano fiscal de 2027, o que corresponde a cerca de 15% de sua força de trabalho.

O resultado negativo foi causado principalmente pelo aumento dos custos de vendas no mercado americano e pela revisão do valor dos ativos das fábricas, que gerou um impacto de quase 500 bilhões de ienes em perdas por desvalorização. A Nissan também enfrenta desafios com a queda nas vendas em mercados-chave como Estados Unidos e China, resultando em excesso de capacidade produtiva.

Como parte do plano de ajuste, a empresa pretende reduzir o número de fábricas de veículos de 17 para 10 até 2027, incluindo unidades no Japão. Essa medida visa diminuir a capacidade global de produção de 3,5 milhões para 2,5 milhões de veículos, excluindo as fábricas na China.

O presidente da Nissan, Ivan Espinosa, afirmou em coletiva que a recuperação financeira é urgente e que a empresa precisa agir rapidamente para reverter o quadro deficitário. Ele reconheceu que as decisões, embora dolorosas, são necessárias para evitar o agravamento dos problemas.

O impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, estimado em até 450 bilhões de ienes, contribui para a incerteza sobre o desempenho financeiro do atual ano fiscal, levando a Nissan a não divulgar projeções para o período.

Historicamente, a Nissan já enfrentou crises semelhantes, como na década de 1990 após o estouro da bolha econômica japonesa, quando sob a liderança de Carlos Ghosn promoveu cortes significativos e fechamentos de fábricas para recuperar a saúde financeira. Contudo, o crescimento acelerado e a expansão da capacidade produtiva nos anos seguintes, somados a dificuldades recentes em lançar novos modelos competitivos, levaram a empresa a enfrentar novamente desafios financeiros graves.

Atualmente, a Nissan possui capacidade para produzir cerca de 5 milhões de veículos por ano, mas a produção real no último ano fiscal foi de apenas 3,1 milhões, evidenciando o excesso de capacidade.

O plano de reestruturação inclui também o fechamento de fábricas na Tailândia e Indonésia, além da redução da força de trabalho já anunciada anteriormente para 9 mil pessoas, totalizando 20 mil cortes.

Espinosa destacou que a empresa está focada em fortalecer sua estrutura operacional e melhorar a competitividade dos produtos para recuperar vendas e rentabilidade.