Governo estuda liberar 300 mil toneladas adicionais até julho, somando cerca de 600 mil toneladas, para aliviar escassez e preços recordes.
O governo japonês está considerando ampliar significativamente a liberação de arroz de suas reservas estratégicas, elevando o volume total para cerca de 600 mil toneladas, em meio a uma escassez que mantém os preços do grão próximos de níveis recordes, segundo fontes próximas ao assunto.
A proposta envolve a liberação de 300 mil toneladas adicionais de arroz ao longo de três meses até julho, somando-se às 321 mil toneladas já leiloadas em três etapas entre março e abril. Caso a medida seja confirmada, os estoques remanescentes cairão para aproximadamente 300 mil toneladas, o que representa cerca de um terço do nível considerado adequado para reservas.
Essa redução dos estoques gera preocupação sobre a capacidade do governo de responder a eventuais problemas futuros, como colheitas ruins causadas por desastres naturais ou condições climáticas adversas.
Dados do Ministério da Agricultura mostram que, apesar do aumento da safra de arroz em 2024 para 6,79 milhões de toneladas – um crescimento de 180 mil toneladas em relação ao ano anterior -, a quantidade total de arroz assegurada pelos principais distribuidores em janeiro caiu 230 mil toneladas em comparação ao mesmo período do ano anterior. O ministério suspeita que agricultores e atacadistas estejam estocando arroz na expectativa de novas altas de preços.
O consumo de arroz no Japão tem crescido em restaurantes, impulsionado pelo aumento do turismo estrangeiro, enquanto a distribuição sofreu impacto devido às altas temperaturas no verão de 2023.
Até então, a legislação permitia a liberação das reservas apenas em caso de queda brusca na produção, o que fez o Ministério da Agricultura agir com cautela. Contudo, o governo decidiu liberar o arroz sob a condição de que o mesmo volume seja recomprado em até um ano, princípio que pode ser flexibilizado para incentivar a participação nos leilões.
O chefe da política do Partido Liberal Democrata (LDP), Itsunori Onodera, afirmou que a flexibilização da exigência de recompra deve ampliar o número de participantes nos leilões de arroz, facilitando a circulação do produto no mercado.
O aumento da oferta de arroz importado também tem sido uma resposta do setor privado à crise, com importações previstas para crescerem até 20 vezes em 2025, principalmente dos Estados Unidos, para atender à demanda crescente.
Com a alta contínua dos preços, que já acumula 15 semanas consecutivas de aumento, o governo japonês busca equilibrar a oferta para garantir o abastecimento e conter o impacto financeiro sobre consumidores e comerciantes.