Japão atualiza plano contra megaterremoto e mira reduzir em 80% número de mortes

Estratégia revisada para terremoto na Fossa de Nankai foca em ações nos próximos 10 anos, com mais municípios em áreas prioritárias e foco em evacuação e infraestrutura.

O governo japonês anunciou nesta terça-feira (18) uma atualização em seu plano de risco de desastres, com o objetivo de reduzir em até 80% o número estimado de mortes em um possível megaterremoto na Fossa de Nankai, zona sísmica que se estende do oeste ao centro do Japão.

Segundo projeções anteriores, um abalo sísmico de grande magnitude na região poderia resultar em até 298 mil mortes. O plano de 2014 já previa uma redução de 80% nesse número, mas ações implementadas até agora só seriam eficazes para diminuir a estimativa em 20%.

Plano atualizado mira ações em 10 anos

A nova versão do plano, elaborada pelo Conselho Central de Gestão de Desastres, destaca ações prioritárias para a próxima década, como a construção de diques de contenção, reforço de infraestrutura crítica e investimentos coordenados entre governo central, prefeituras e setor privado.

“É necessário que nação, municípios, empresas e ONGs atuem juntos para salvar o maior número de vidas possível”, afirmou o primeiro-ministro Shigeru Ishiba durante reunião do conselho.

Ampliação de áreas prioritárias

O governo adicionou 16 novos municípios à área designada como prioritária para prevenção de desastres, elevando o total para 723 municípios em seis províncias. A meta de reduzir pela metade o número de edificações destruídas por tremores e incêndios subsequentes, hoje estimado em 235 mil prédios, foi mantida.

Também estão previstos:

• Treinamentos regulares de evacuação em municípios com risco de tsunamis até 2030;
• Monitoramento anual das medidas implementadas;
• Instalação de torres de evacuação e diques em áreas vulneráveis;
• Recomendações para empresas e moradores, como fixação de móveis e medidas de autoproteção.

Risco mais iminente do que nunca

Especialistas apontam que o risco de um evento sísmico de grande escala na região está cada vez mais próximo. O professor Norio Maki, do Instituto de Pesquisa para Prevenção de Desastres da Universidade de Kyoto, afirmou que o governo precisa reforçar o apoio aos municípios, especialmente em conscientização da população, que pode ter diminuído nos últimos anos.

“Um terremoto na Fossa de Nankai parece mais iminente do que na época do plano anterior”, alertou Maki.

O pior cenário considerado pelas autoridades envolve um terremoto de magnitude 9, ocorrendo em uma noite de inverno, com a província de Shizuoka sendo a mais afetada, com mais de 100 mil mortes previstas.

Com o plano revisado, o Japão reforça seu compromisso com a prevenção de desastres naturais, apostando na preparação conjunta e conscientização como armas fundamentais contra uma das maiores ameaças geológicas da região.

Com informações do Mainichi Shimbun