Em podcast, ex-jogadora da seleção japonesa relembra treinos duros, destaca avanços da WE League e cobra melhores condições para atletas
A ex-jogadora da seleção japonesa de futebol feminino Aya Sameshima, campeã da Copa do Mundo de 2011, participou do podcast da Yomiuri Shimbun “Pitchside: Histórias exclusivas do futebol japonês”, ao lado do também ex-jogador Masaki Tomoaki. Ela compartilhou lembranças da sua carreira e falou sobre os desafios e avanços do futebol feminino no Japão, especialmente com a chegada da WE League, que inicia sua nova temporada no dia 9 de agosto.
Sameshima começou no futebol ainda no ensino fundamental, mas enfrentou muitas dificuldades para continuar jogando. Em sua adolescência, treinava em um colégio de elite no futebol feminino, onde o esforço físico era intenso. “Pra ser sincera, eu queria desistir a cada três dias”, contou rindo. “Eram subidas de 300 metros correndo, dezenas de voltas em escadas de templo… até segurar o lápis na aula era cansativo”.
Apesar disso, ela disse que ganhou “muita força mental e resistência” nesses anos difíceis. Na época, ainda havia poucas oportunidades para meninas jogarem futebol, e Sameshima chegou a se inscrever no clube de tênis na escola, enquanto mantinha os treinos de futebol à noite.
Hoje, ela se dedica a projetos de incentivo ao esporte feminino, como o JFA Magical Field, promovido pela Federação Japonesa de Futebol em parceria com a Disney. A ação tem como objetivo ampliar o acesso de meninas ao futebol desde cedo. “Hoje as crianças já têm muito mais técnica. A diferença de quando eu comecei é enorme”, afirma Sameshima.
Futebol feminino como profissão ainda enfrenta barreiras
Com a profissionalização da WE League — primeira liga de futebol feminino profissional do Japão — Sameshima reconhece os avanços, mas também aponta os desafios que persistem. “A situação melhorou bastante, especialmente em termos de estrutura e número de jogadoras profissionais. Mas ainda há atletas que precisam trabalhar em outros empregos porque o salário no futebol não é suficiente.”
Ela conta que há jogadoras que recusam ofertas profissionais porque ganham mais trabalhando em outras áreas, mesmo que tenham talento para atuar em alto nível.
A WE League também tem foco na igualdade de gênero. Os clubes devem seguir metas de inclusão feminina, inclusive no quadro administrativo e técnico. “Quando as crianças vão ao estádio, elas veem mulheres trabalhando como treinadoras, árbitras, organizadoras. Isso ajuda a mostrar que o futebol pode ser uma carreira para meninas também”, destaca.
Perfil: Aya Sameshima
Aya Sameshima nasceu em 1987, em Tochigi. Após se formar no ensino médio, ingressou no clube Tokyo Electric Power Mareeze e, em 2011, transferiu-se para o Boston Breakers, nos EUA. Atuou como lateral-esquerda na campanha vitoriosa do Japão na Copa do Mundo Feminina de 2011, na Alemanha. Também participou da conquista da prata nos Jogos Olímpicos de Londres (2012) e foi vice-campeã do Mundial de 2015. Jogou ainda no Vegalta Sendai, INAC Kobe Leonessa e Omiya Ardija VENTUS. Encerrou sua carreira em 2024.