Governo japonês alerta que aumento de salários acima da inflação é crucial para recuperação econômica

Relatório anual aponta que consumo segue fraco devido à alta de preços e defende reajustes salariais sustentados que superem a inflação.

O governo do Japão destacou nesta terça-feira (29) a necessidade urgente de implementar aumentos salariais que superem a inflação como forma de impulsionar a recuperação econômica do país. O alerta consta no Relatório Anual sobre a Economia Japonesa e Finanças Públicas para o ano fiscal de 2025, apresentado pelo ministro da Política Econômica e Fiscal, Ryosei Akazawa, durante reunião do gabinete.

Segundo o documento, embora grandes empresas japonesas venham reajustando salários, a recuperação do consumo segue fraca devido ao avanço contínuo dos preços de alimentos e outros produtos. O governo avalia que este é um ponto de virada para transformar a economia japonesa em um modelo voltado para o crescimento, com base em aumentos salariais sustentados.

Inflação alta e consumo enfraquecido

O relatório analisou que a prolongada alta de preços tem afetado negativamente o sentimento do consumidor e reduzido salários reais. Além disso, a expectativa de que os preços continuarão subindo, somada à baixa confiança em aumentos salariais duradouros, tem levado as famílias a conter gastos.

Uma pesquisa do Banco do Japão realizada entre janeiro e março indicou que os lares japoneses esperam uma inflação de 10% no prazo de um ano e uma média de 5% ao ano nos próximos cinco anos.

Com isso, o consumo das famílias, que responde por mais da metade do Produto Interno Bruto (PIB) do país, permanece fraco em comparação com o crescimento dos salários e da renda, concluiu o relatório.

Objetivo é impulsionar consumo e estabilizar preços

Para que o Japão alcance uma recuperação econômica robusta, o relatório defende a implementação de aumentos salariais estáveis e duradouros que superem a inflação, ao mesmo tempo em que preços subam de forma controlada.

“Somente com essa combinação será possível fortalecer o consumo e sustentar o crescimento econômico”, destacou o documento.

Além da pressão interna, o relatório também mencionou riscos externos, como a política de tarifas elevadas dos Estados Unidos, que podem impactar o comércio japonês.