Ishiba adia declaração sobre os 80 anos do fim da Segunda Guerra em meio a pressão política interna

Premiê japonês decide não emitir mensagem oficial em 15 de agosto; possível pronunciamento pode ocorrer em setembro, após derrota eleitoral

O primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba decidiu adiar a emissão de uma declaração oficial sobre os 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial, inicialmente prevista para o dia 15 de agosto, data que marca a rendição do Japão em 1945. Segundo fontes do governo, Ishiba considera agora divulgar uma mensagem em 2 de setembro, quando se comemora o aniversário da assinatura do instrumento de rendição.

A decisão ocorre em meio a uma crise política interna, após a derrota da coalizão governista nas eleições para a Câmara Alta em 20 de julho, e diante de pressões dentro do Partido Liberal Democrata (LDP) para que Ishiba renuncie ao cargo.

Ishiba havia manifestado o desejo de revisitar a história do Japão na guerra e criar um painel de especialistas para avaliar os eventos que levaram o país ao conflito. No entanto, o avanço dessa iniciativa foi interrompido pela instabilidade política e pela resistência de setores conservadores do LDP, que consideram desnecessária uma nova declaração sobre o tema.

Em sessão parlamentar, Ishiba afirmou que é importante manter viva a memória da guerra e evitar que o país volte a se envolver em conflitos. Ele também destacou que o Japão deve mostrar ações concretas para promover a paz, e não apenas expressar sentimentos.

Historicamente, os primeiros-ministros japoneses emitiram declarações marcantes em aniversários anteriores: Tomiichi Murayama, em 1995, pediu “profundo remorso” e ofereceu “sinceras desculpas” pela agressão japonesa; Junichiro Koizumi, em 2005, seguiu linha semelhante; e Shinzo Abe, em 2015, reconheceu os pedidos de desculpas anteriores, mas afirmou que as futuras gerações não deveriam ser obrigadas a se desculpar.

A declaração de Ishiba sobre a Segunda Guerra permanece como uma incógnita. Ele participará das cerimônias em Hiroshima (6 de agosto) e Nagasaki (9 de agosto), em memória das vítimas das bombas atômicas, mas não deve emitir nenhum posicionamento oficial até setembro

Com informações via Asahi Shimbun e Mainichi Shimbun