Deputado do LDP diz que o Banco do Japão deve agir com cautela diante das tarifas dos EUA e cobra novo líder para formar coalizão estável.
O deputado Ken Saito, figura influente do Partido Liberal Democrata (LDP) e ex-ministro do Comércio, fez um alerta contundente sobre os riscos de uma nova alta de juros pelo Banco do Japão (BOJ). Em entrevista à Reuters no dia 6 de agosto, Saito afirmou que o banco central deve agir com extrema cautela, especialmente diante do impacto das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, que já pressionam os lucros das empresas japonesas.
“Tudo pode desmoronar se o BOJ esfriar a economia com uma alta precipitada de juros,” disse Saito, que atualmente é vice-presidente do comitê tributário do LDP. Ele defende que o banco central trabalhe em conjunto com o governo para sustentar a recuperação econômica, que ainda é frágil após três décadas de crescimento lento e inflação baixa.
O BOJ encerrou seu programa de estímulo em 2024 e elevou a taxa básica para 0,5% em janeiro de 2025, com a expectativa de que o país alcançasse de forma sustentável a meta de 2% de inflação. No entanto, uma pesquisa recente da Reuters mostra que a maioria dos economistas ainda espera mais uma alta de juros até o fim do ano, o que preocupa setores industriais, especialmente montadoras, que enfrentam dificuldades para manter aumentos salariais.
Além das preocupações econômicas, Saito também se posicionou sobre o cenário político. Após a derrota da coalizão governista nas eleições para a Câmara Alta em julho, ele pediu publicamente a renúncia do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, afirmando que o LDP precisa de um novo líder para formar uma coalizão estável com partidos da oposição.
“O Japão precisa de um governo de coalizão estável. Sem isso, é impossível manter políticas consistentes,” declarou. Saito sugeriu que partidos como o Japan Innovation Party e o Democratic Party for the People poderiam ser aliados em uma nova configuração política.
Ishiba, por sua vez, recusou-se a renunciar, alegando que sua prioridade é mitigar os efeitos das tarifas dos EUA sobre a economia japonesa. No entanto, vários partidos da oposição já declararam que não cooperarão com o governo enquanto Ishiba permanecer no cargo, tornando difícil a aprovação de projetos no parlamento, onde o LDP e o Komeito perderam a maioria nas duas casas.
Com a economia sob pressão e o cenário político instável, o Japão enfrenta um momento decisivo. A atuação do BOJ e a liderança do governo serão cruciais para definir os rumos do país nos próximos meses.
Com informações via Free Malaysia Today, Asahi Shimbun e DeepNewz