Metade das universidades privadas do Japão não preenche vagas em 2025 e governo acelera fusões e cortes

Com queda na população jovem, 53% das universidades privadas têm matrículas abaixo da capacidade; governo pressiona por fusões e reestruturações.

O Japão enfrenta uma crise silenciosa no ensino superior privado. Segundo levantamento da Corporação de Promoção e Ajuda Mútua para Escolas Privadas, 316 das 594 universidades privadas do país (53,2%) não conseguiram preencher suas vagas de admissão no ano fiscal de 2025, o terceiro ano consecutivo com esse nível de queda.

A principal causa é a redução contínua da população jovem, especialmente entre os japoneses de 18 anos, faixa etária tradicional para ingresso na universidade. Segundo projeções do Ministério da Educação (MEXT), o número de estudantes deve atingir o pico em 2026 e cair para cerca de 410 mil até 2050, uma redução de mais de 130 mil em relação a 2022.

Universidades em áreas urbanas como Tóquio, Osaka e Fukuoka ainda conseguem manter suas matrículas, mas instituições em regiões menos populosas estão sofrendo. Algumas já anunciaram que encerrarão admissões em 2026, com possibilidade de fechamento definitivo.

O número total de vagas nas universidades privadas caiu para 502.755 em 2025, uma redução de 1.114 em relação a 2024, marcando a primeira queda em 22 anos.

Em resposta, o governo japonês está intensificando políticas de fusão, redução e encerramento de instituições. A partir de 2026, universidades que não atingirem 80% de ocupação por três anos consecutivos serão excluídas de programas de subsídio estudantil, afetando diretamente alunos de baixa renda.

O primeiro-ministro Shigeru Ishiba anunciou um plano de transformação estrutural, com subsídios extras para universidades que se fundirem ou se reorganizarem. O orçamento de 2025 inclui ¥100 milhões adicionais para apoiar essas reformas.

Casos emblemáticos e fusões em andamento

  • Uma universidade feminina em Tóquio perdeu o direito a subsídios por não atingir os critérios mínimos de matrícula.
  • A fusão entre o Tokyo Institute of Technology e a Tokyo Medical and Dental University, que deu origem à Science Tokyo, é vista como modelo para futuras integrações.

Além disso, o governo está relaxando limites de matrícula para estudantes internacionais, como parte de uma estratégia de internacionalização para compensar a queda demográfica.

O MEXT afirma que pretende priorizar apoio a universidades que formam profissionais para economias regionais, incentivando reorganizações e redução de tamanho em instituições com risco de gestão.

Especialistas alertam que, sem reformas profundas, o Japão pode enfrentar uma desestruturação do ensino superior privado, com impacto direto na qualificação da força de trabalho e na sustentabilidade das comunidades locais.

Com informações via NHK World, Times Higher Education, Nate News e Asahi Shimbun