Transferência de navios Abukuma-class fortalece alianças marítimas no Sudeste Asiático e marca flexibilização das regras de exportação de defesa.
O governo japonês está prestes a realizar uma mudança histórica em sua política de defesa, ao considerar a exportação de destróieres usados da classe Abukuma para países do Sudeste Asiático, como Filipinas, Indonésia e Vietnã. A medida visa fortalecer alianças estratégicas em uma região marcada por disputas marítimas e crescente influência chinesa.
O que está sendo negociado?
Segundo fontes do governo, o Japão pretende transferir até seis destróieres Abukuma-class para a Marinha das Filipinas, após uma reunião entre os ministros da Defesa dos dois países em junho, em Singapura. Os navios, comissionados entre 1989 e 1993, estão sendo aposentados pela Força Marítima de Autodefesa do Japão (JMSDF) e serão substituídos por modelos operáveis por tripulações menores, devido à escassez de pessoal.
Além das Filipinas, Indonésia e Vietnã também estão sendo considerados como destinos potenciais. Em janeiro, o Japão e a Indonésia concordaram em criar um grupo de consulta sobre segurança marítima, enquanto o Vietnã já recebeu veículos de transporte militar usados como parte de acordos bilaterais.
Capacidades dos navios Abukuma-class:
Apesar da idade, os destróieres ainda oferecem capacidades relevantes:
- Mísseis antinavio RGM-84 Harpoon
- Lançadores de torpedos Mark 32
- Canhão naval Oto Melara de 76 mm
- Sistema Phalanx CIWS (em variantes atualizadas)
Esses recursos representam um salto significativo para a Marinha das Filipinas, que enfrenta limitações operacionais frente à presença chinesa no Mar do Sul da China.
Mudança nas regras de exportação:
A Constituição pacifista do Japão restringe a exportação de armas letais. No entanto, em 2024, o país flexibilizou suas regras, permitindo exportações desde que os equipamentos sejam desenvolvidos ou modificados em parceria com outros países. Para viabilizar a transferência dos destróieres, o governo planeja classificá-los como “produtos co-desenvolvidos”, após realizar alterações técnicas, uma manobra que pode gerar controversias jurídicas e diplomáticas.
Contexto geopolítico:
Japão e Filipinas, ambos aliados dos Estados Unidos, têm intensificado sua cooperação militar diante da postura assertiva da China nas águas do Leste e Sul da Ásia. A exportação dos destróieres é vista como parte de uma estratégia regional de contenção, alinhada ao programa japonês de Fortalecimento da Defesa, lançado em 2022.
Com informações via Japan Today