Mundial de Atletismo 2025 em Tóquio quebra recordes e consagra atlétas e novos países no pódio

Evento que reuniu 193 países, supera marcas históricas e consagra Brasil com sua melhor campanha com destaque para Caio Bomfim na Marcha Atlética de 20km; norte-americana conquista três ouros e equatoriana faz história no lançamento de dardo.

O Mundial de Atletismo Tóquio 2025, realizado entre 13 e 21 de setembro, entrou para a história com recordes inéditos, estreias memoráveis e a melhor campanha brasileira em mundiais ao ar livre.

Foram 193 países e 1992 atletas disputando nove dias de competição no Estádio Nacional de Tóquio. Pela primeira vez, 53 países subiram ao pódio, superando o recorde anterior de 46. Samoa, Santa Lúcia e Uruguai conquistaram suas primeiras medalhas em mundiais, e a Tanzânia levou seu primeiro ouro com Alphonce Simbu na maratona. O sueco Armand Duplantis quebrou o próprio recorde mundial no salto com vara, atingindo 6,30 metros. Ao todo, foram registrados nove recordes de campeonato, nove de área, 62 recordes nacionais e mais de 200 marcas pessoais.

A grande estrela foi a norte-americana Melissa Jefferson-Wooden, que venceu os 100m, 200m e o revezamento 4×100m, tornando-se a única atleta com três ouros nesta edição. Ela também estabeleceu o recorde do campeonato nos 100m (10s61), tornando-se a quarta mulher mais rápida da história. Outros destaques foram Noah Lyles, com seu quarto título nos 200m, Pedro Pablo Pichardo, campeão olímpico por Portugal, e Sydney McLaughlin-Levrone, que venceu os 400m com o tempo de 47.78, superando Marileidy Paulino (47.98), que ficou com a prata.

Melhor desempenho do Brasil:

O Brasil encerrou o Mundial com três medalhas e sua melhor campanha da história: Caio Bonfim conquistou o ouro nos 20km da marcha atlética e a prata nos 35km, enquanto Alison dos Santos levou a prata nos 400m com barreiras. Com isso, o país ficou em 13º lugar no quadro geral de medalhas e chegou a 19 medalhas em mundiais ao ar livre. Caio Bonfim se tornou o maior medalhista brasileiro em mundiais, superando Claudinei Quirino, com quatro medalhas: um ouro, uma prata e dois bronzes.

A prova dos 20km da marcha atlética foi uma das mais emocionantes do campeonato. Caio Bonfim começou a prova em ritmo controlado, mantendo-se no segundo pelotão e sempre a menos de dez segundos dos líderes. Com inteligência tática, evitou punições e economizou energia. No 13º quilômetro, decidiu atacar e assumiu a liderança. Faltando cinco quilômetros, caiu para a segunda posição, mas nos dois quilômetros finais voltou a crescer. Passou o francês Quinion, o chinês Zhaozhao Wang e o espanhol Paul McGrath, assumindo a liderança no último quilômetro. Entrou sozinho no Estádio Nacional de Tóquio e cruzou a linha de chegada com 1h18min35s, garantindo o primeiro ouro do Brasil na marcha atlética em mundiais.

Países latino-americanos também se superam:

A maior surpresa latino-americana veio da equatoriana Juleisy Angulo, que venceu o lançamento de dardo com 65,12 metros, conquistando o primeiro ouro da história do Equador em provas de lançamento. “Isso é história para o Equador!”, comemorou Angulo.

Cuba também voltou ao topo com Leyanis Pérez no salto triplo, encerrando um jejum de seis anos sem títulos mundiais. A venezuelana Yulimar Rojas, que retornou após grave lesão, ficou com o bronze. O Uruguai conquistou sua primeira medalha com Julia Paternain na maratona, e o México encerrou uma seca de oito anos com pratas de Uziel Muñoz (arremesso de peso) e Alegna González (marcha atlética).

Quadro de medalhas e grande audiência no Japão:

Os Estados Unidos terminaram como os grandes campeões, com 16 ouros, nove a mais que o Quênia, e nomes como Jefferson-Wooden e Lyles liderando a delegação.

A audiência também foi histórica: mais de 12 milhões de espectadores no Japão no dia da abertura, com sessões noturnas superando os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 e Paris 2024. O público total no estádio foi de 619.288 pessoas, superando a marca de 1991, e todos os ingressos foram esgotados nas noites da semana.

O presidente da World Athletics, Sebastian Coe, celebrou o sucesso do evento: “O que testemunhamos aqui em Tóquio é uma celebração indelével e comovente do esforço esportivo humano. Foi um campeonato histórico, e somos profundamente gratos ao povo japonês por sediar nosso campeonato de exibição pela terceira vez.”

O próximo Mundial de Atletismo será disputado em Pequim, de 11 a 19 de Setembro de 2027. A cidade sediará novamente o evento após a edição de 2015. O evento servirá de preparação para muitos atlétas que poderão estar presentes nos Jogos Olímpicos de Los Angeles em 2028.

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