Evento reúne líderes mundiais em Nova York com os presidentes Lula (BRA) e Donald Trump (EUA) discursando no 1º dia; Shigeru Ishiba defende reforma do Conselho de Segurança e sinaliza reconhecimento da Palestina.
A Assembleia Geral das Nações Unidas iniciou nesta semana sua 80ª edição, reunindo líderes mundiais em Nova York para debater os principais desafios globais. Entre os temas centrais estão a invasão da Ucrânia pela Rússia, o conflito entre Israel e o Hamas e a crise financeira da própria ONU.
O debate geral de cúpula começou nesta terça-feira (23) com o aguardado discurso do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o primeiro desde o início de seu segundo mandato. O governo Trump tem adotado uma postura de distanciamento da ONU, com cortes no financiamento da organização. Antes disso, o primeiro a discursar foi o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, que em seu discurso enfatizou a soberania nacional, criticou o tafiraço de Donald Trump perante aos produtos de exportações do Brasil e defendeu a criação do estado da Palestina.
Outros líderes também discursarão ao longo da semana:
- Volodymyr Zelenskyy (Ucrânia): quarta-feira
- Benjamin Netanyahu (Israel): sexta-feira
- Mahmoud Abbas (Autoridade Palestina): quinta-feira, por vídeo, após os EUA negarem seu visto de entrada
A presidente da Assembleia Geral, Annalena Baerbock, ex-ministra das Relações Exteriores da Alemanha, expressou preocupação com o futuro da ONU. Em entrevista à NHK, ela afirmou:
“A ONU precisa de reformas, mas continua sendo um seguro de vida para pessoas em todo o mundo.”
Baerbock pediu que os Estados-membros se posicionem diante de violações da Carta da ONU e defendeu que a organização seja adaptada ao século XXI:
“Nenhum país, nem mesmo as superpotências, pode resolver sozinho problemas como uma pandemia. É do interesse de todos que essas instituições sejam fortalecidas.”
Ishiba defende reforma e sinaliza apoio à Palestina:
Em seus últimos dias como primeiro-ministro do Japão, Shigeru Ishiba também está em Nova York para participar da Assembleia. Ele partiu do Aeroporto de Haneda, em Tóquio, na manhã de terça-feira, e deve usar seu discurso para defender a reforma do Conselho de Segurança, argumentando que o órgão se tornou disfuncional e precisa de mais assentos.
Ishiba também pretende denunciar a ofensiva terrestre de Israel em Gaza e sinalizar que o reconhecimento da Palestina como Estado pelo Japão é uma questão de “quando”, não de “se”. Caso Israel tome medidas que bloqueiem a solução de dois Estados, o Japão pode considerar o reconhecimento unilateral.
O premiê japonês deve ainda ressaltar os laços com nações asiáticas, destacando o papel do espírito de tolerância na construção de uma paz duradoura. Sua mensagem à comunidade internacional deve enfatizar a solidariedade sobre a divisão e a tolerância sobre o conflito.
Mesmo após anunciar sua renúncia ao cargo, Ishiba demonstra empenho em manter a diplomacia ativa até que seu sucessor seja escolhido.