Três ucranianos são presos por invadir casa em zona de evacuação nuclear em Fukushima

Grupo transmitia invasão ao vivo em área contaminada de Okuma; caso reacende debate sobre respeito às vítimas do desastre de 2011 e uso irresponsável das redes sociais.

Três homens de nacionalidade ucraniana foram presos em flagrante por invadir ilegalmente uma casa abandonada na cidade de Okuma, na província de Fukushima, Japão. A área ainda está sob ordens de evacuação devido à alta radiação remanescente do desastre nuclear de 2011, causado pelo terremoto e tsunami que atingiram a usina Fukushima Daiichi.

O grupo transmitia a invasão ao vivo na noite de 23 de setembro, quando um espectador da live alertou a polícia. Com base nas imagens, os agentes conseguiram identificar o local pela manhã e realizaram as prisões no local, por volta das 7h30 do dia 24.

Segundo a Polícia da Província de Fukushima, os três foram acusados de invasão ilegal de residência e admitiram os crimes.

Os detidos, todos sem endereço fixo, são:

  • Um homem de 34 anos, que se identificou como funcionário de empresa
  • Um homem de 29 anos, que disse ser motorista
  • Um homem de 43 anos, que afirmou ser eletricista

As autoridades investigam os motivos da invasão, a data de entrada no Japão e como o acesso à zona restrita foi realizado.

Zona de difícil retorno e respeito à memória

A cidade de Okuma é uma das chamadas “zonas de difícil retorno”, onde casas, escolas e prédios públicos permanecem abandonados há mais de uma década. Alguns imóveis estão intactos, outros foram engolidos pela vegetação, servindo como memoriais silenciosos de vidas interrompidas pela tragédia nuclear.

Cidades, vilas e vilarejos japoneses ao redor da usina nuclear de Daiichi. As áreas de 20 km e 30 km receberam ordens de evacuação e abrigo, respectivamente. Posteriormente, mais ordens de evacuação foram emitidas além de 20 km, em áreas a noroeste do local. Isso afetou partes dos distritos administrativos destacadas em amarelo. (Reprodução: Wikipedia)

Nos últimos anos, têm ocorrido incidentes recorrentes de pessoas que entram nesses locais como forma de brincadeira ou exploração digital, o que tem sido visto como desrespeito à dor dos antigos moradores.

No verão de 2024, na cidade vizinha de Futaba, um vídeo viralizou mostrando uma pessoa, supostamente estrangeira, vestida com traje de proteção química, caminhando por uma escola abandonada onde mochilas e materiais escolares ainda estavam no local.

O episódio levou autoridades locais a reforçarem a vigilância nas áreas restritas e a alertarem sobre o uso irresponsável das redes sociais em locais marcados por tragédias.

Com informações via Asahi Shimbun