Após ser eleita líder do PLD, Sanae Takaichi articula alianças para governar minoria parlamentar no Japão

Primeira mulher a liderar o partido governista japonês deve assumir como primeira-ministra em 15 de outubro; negociações com partidos conservadores e tensões com aliados marcam início de sua gestão.

A conservadora Sanae Takaichi, de 64 anos, foi eleita no dia 4 de outubro como a nova líder do Partido Liberal Democrata (PLD), e está prestes a se tornar a primeira mulher primeira-ministra do Japão, com votação parlamentar marcada para 15 de outubro.

Com o PLD e seu parceiro Komeito em minoria nas duas casas da Dieta Nacional, Takaichi iniciou articulações políticas intensas para ampliar a coalizão governista e garantir governabilidade.

Gabinete em formação e apoio interno

Takaichi já planeja nomeações estratégicas:

  • Toshimitsu Motegi como ministro das Relações Exteriores
  • Minoru Kihara como secretário-chefe do gabinete
  • Takayuki Kobayashi e Shinjiro Koizumi para pastas ministeriais
  • Taro Aso como vice-presidente do PLD
  • Shunichi Suzuki como secretário-geral do partido

Ela também pretende nomear duas mulheres para cargos-chave na estrutura partidária.

A partir da esquerda: Takayuki Kobayashi, Toshimitsu Motegi, Yoshimasa Hayashi, Sanae Takaichi e Shinjiro Koizumi participam de um debate no distrito de Chiyoda, em Tóquio, em 24 de setembro. (Imagem via Asahi Shimbun)

DPP surge como parceiro viável

Com a derrota de Koizumi, o Partido Democrático para o Povo (DPP) passou a ser visto como principal parceiro potencial para ampliar a coalizão. O líder do DPP, Yuichiro Tamaki, sinalizou abertura para negociações, desde que haja acordo em temas como reforma constitucional, segurança e política fiscal.

Reuniões entre Taro Aso e o secretário-geral do DPP, Kazuya Shinba, já ocorreram em Tóquio.
Segundo fontes próximas, Koichi Hagiuda, aliado de Takaichi, está encarregado de conduzir as negociações.

Apesar da aproximação, o DPP mantém cautela, temendo perda de apoio popular e divisões internas, especialmente entre parlamentares ligados à Rengo, principal confederação sindical do Japão.

Nippon Ishin perde espaço

Antes da eleição, o Partido da Inovação do Japão (Ishin) era cotado como parceiro natural, especialmente se Koizumi vencesse. Com a vitória de Takaichi, o Ishin perdeu influência nas negociações. O partido esperava apoio para propostas como:

  • Transformar Osaka em “capital secundária”
  • Reduzir prêmios de seguro social

O líder do Ishin, Hirofumi Yoshimura, chegou a receber Koizumi com honras na Expo Kansai, mas após a derrota, o próprio Koizumi ligou para se desculpar com os executivos do partido.

Komeito em alerta

O parceiro tradicional do PLD, o Komeito, liderado por Tetsuo Saito, demonstrou preocupações com a guinada à direita de Takaichi. Saito alertou sobre:

  • Visitas ao Santuário Yasukuni, que causam tensões diplomáticas
  • Exclusão de estrangeiros nas políticas sociais
  • Financiamento político não declarado

Ele afirmou que a continuidade da coalizão dependerá de alinhamento ideológico e político, especialmente diante da possível aproximação com o Ishin, partido com o qual o Komeito tem histórico de rivalidade em Osaka.

Sanseito descarta aliança

O partido Sanseito, de viés nacionalista e crescente popularidade, descartou qualquer aliança com o PLD ou Komeito. Seu líder, Sohei Kamiya, afirmou:

“Criamos nosso partido porque o PLD estava falhando. Unir forças agora não faria sentido.”

Apesar de elogiar algumas propostas de Takaichi, como controle mais rígido sobre estrangeiros, Kamiya reforçou que o Sanseito seguirá independente.