Cortes em projetos nos EUA, Japão e Europa e aumento de custos afetam estimativas para expansão de energia eólica no mar até 2030.
A Agência Internacional de Energia (IEA) reduziu em 27% sua projeção de crescimento global da energia eólica offshore para os próximos cinco anos, citando mudanças políticas nos Estados Unidos, além de cancelamentos e atrasos em projetos no Japão, Europa e Índia.
De acordo com o relatório anual “Renewables 2025”, divulgado neste mês, a expansão da capacidade instalada de turbinas eólicas no mar deve atingir 140 gigawatts até 2030, bem abaixo da previsão anterior feita em 2024.
A revisão negativa foi motivada por custos de construção mais altos, problemas na cadeia de suprimentos e incertezas regulatórias em várias regiões.
No Japão, o recuo foi influenciado pela decisão da Mitsubishi Corporation, que em agosto anunciou sua retirada de projetos eólicos offshore desenvolvidos em parceria com a Chubu Electric Power e outras empresas. Os custos das obras mais que duplicaram em relação ao plano inicial, o que representa um revés para a meta do governo japonês de ampliar o uso de fontes renováveis.
Os projetos cancelados incluíam a instalação de 134 turbinas em três locais nas regiões nordeste e leste do Japão, com início das operações comerciais previsto entre 2028 e 2030, e funcionamento esperado até 2052.
Nos Estados Unidos, a IEA apontou as mudanças políticas promovidas pelo presidente Donald Trump, que retornou ao cargo em janeiro de 2025 com a promessa de incentivar a produção de combustíveis fósseis, como outro fator que enfraquece o cenário para o setor eólico.
Apesar da revisão negativa para a energia eólica offshore, o relatório mostra uma tendência positiva para as renováveis em geral. A capacidade global de geração limpa deve dobrar até 2030, com aumento de 4.600 gigawatts — e cerca de 80% desse crescimento virá da energia solar fotovoltaica.
“O crescimento da capacidade renovável global nos próximos anos será dominado pela energia solar, mas a eólica, a hidrelétrica, a bioenergia e a geotérmica também terão papéis importantes”, afirmou o diretor executivo da IEA, Fatih Birol.
Segundo a agência, as fontes renováveis devem ultrapassar o carvão como principal meio de geração elétrica até o fim de 2025 ou início de 2026, marcando um passo decisivo na transição energética mundial.