Com apoio de nova coalizão, Takaichi assume como primeira-ministra e anuncia gabinete com mais mulheres em cargos-chave.
O Japão fez história nesta terça-feira (21) ao eleger Sanae Takaichi como sua primeira mulher primeira-ministra. A política conservadora, de 64 anos, foi escolhida pelo Parlamento com o apoio do Partido Liberal Democrata (PLD) e de seu novo aliado, o Partido da Inovação do Japão (Nippon Ishin).
Takaichi sucede Shigeru Ishiba e assume o cargo em meio a um cenário político instável, marcado pelo fim da antiga coalizão entre o PLD e o centrista Komeito, que durou 26 anos. A nova aliança entre o PLD e o Nippon Ishin, embora não detenha maioria absoluta nas duas casas legislativas, garantiu votos suficientes para a vitória de Takaichi.
Na votação da Câmara dos Deputados, a nova líder recebeu 237 votos, número superior à metade dos assentos. No Senado, venceu com 125 votos, superando o oposicionista Yoshihiko Noda, do Partido Democrático Constitucional do Japão.
Logo após o resultado, o novo chefe de gabinete, Minoru Kihara, divulgou a lista de ministros do novo governo, que inclui Satsuki Katayama como a primeira mulher ministra das Finanças do país. Katayama é ex-burocrata do Ministério das Finanças e já ocupou cargos de revitalização regional.
Outra nomeação importante foi a da deputada Kimi Onoda, que assumirá o cargo de ministra da Segurança Econômica e também será responsável por políticas voltadas a estrangeiros.
Para reforçar a continuidade nas relações com os Estados Unidos, Takaichi nomeou Ryosei Akazawa, principal negociador de tarifas com Washington, como ministro do Comércio. Ela também ofereceu cargos de destaque a seus quatro rivais nas eleições internas do PLD, em um gesto de unidade partidária.
Entre os principais nomes do novo gabinete estão Shinjiro Koizumi (Defesa) e Toshimitsu Motegi (Relações Exteriores). Yoshimasa Hayashi foi indicado para o Ministério de Assuntos Internos e Comunicações, e Takayuki Kobayashi continuará como chefe de políticas do partido.
Com o desafio de governar sem maioria nas duas casas do Parlamento, Takaichi terá de negociar com partidos de oposição para aprovar projetos de lei. Conhecida por sua postura firme em temas de segurança e economia, ela prometeu promover uma “renovação responsável”, incluindo mais mulheres em cargos de liderança.
A vitória de Takaichi marca um momento simbólico para o Japão, país onde a representação feminina na política ainda é limitada. Sua chegada ao cargo mais alto do governo sinaliza uma nova fase para a política japonesa, em que diversidade e estabilidade caminham lado a lado.