Yen recua e bolsa japonesa bate recorde após eleição de Sanae Takaichi como primeira-ministra

Mercado reage à expectativa de estímulos fiscais e juros baixos; investidores monitoram impacto da “Sanaenomics” na inflação, câmbio e crescimento.

A eleição de Sanae Takaichi como primeira-ministra do Japão movimentou os mercados financeiros nesta terça-feira (21), com o índice Nikkei batendo recorde histórico e o yen recuando frente ao dólar.

Reação imediata dos mercados

  • O Nikkei 225 subiu 0,7%, fechando em 49.517,57 pontos, próximo da marca simbólica de 50 mil
  • O Topix avançou 0,03%, encerrando em 3.249,50 pontos
  • O yen caiu 0,57%, cotado a 151,62 por dólar, sua maior queda diária em duas semanas

A moeda japonesa também perdeu força frente ao euro e à libra esterlina, refletindo a expectativa de que o novo governo adote estímulos fiscais e mantenha juros baixos, o que pode atrasar o aperto monetário pelo Banco do Japão (BoJ).

“Sanaenomics”: o que esperar

Takaichi, conhecida por seu perfil conservador e pró-gastos públicos, promete:

  • Manter crédito barato
  • Evitar alta de juros
  • Combater a inflação, que já ultrapassa a meta de 2% do BoJ
  • Estimular aumento de salários, embora sem detalhar como

A nova premiê também sinalizou apoio a incentivos fiscais para empresas que oferecem creches e benefícios para famílias com filhos, em resposta ao envelhecimento populacional e baixa natalidade.

Nomeações e política externa

A imprensa japonesa informou que Takaichi pretende nomear Satsuki Katayama como ministra das Finanças. Katayama defende um yen mais forte, o que pode moderar a desvalorização da moeda.

Takaichi também deve seguir os passos de seu mentor político, Shinzo Abe, com foco em:

  • Gastos em defesa
  • Relações estreitas com os EUA
  • Manutenção do acordo comercial com o governo Trump, apesar de críticas internas

Cautela e desafios

Apesar do otimismo inicial, analistas alertam que:

  • O BoJ está “entre a cruz e a espada”, segundo o HSBC, diante da pressão por estímulos e controle da inflação
  • A nova coalizão com o Partido da Inovação do Japão (PIJ) pode limitar o avanço de gastos públicos
  • A oposição fragmentada e os interesses políticos tradicionais dificultam reformas profundas

“Como não houve surpresas na eleição de Takaichi, investidores aproveitaram para realizar lucros”, disse Chihiro Ota, da SMBC Nikko Securities

Agora, o mercado aguarda os próximos passos econômicos do novo governo e os resultados das empresas japonesas no semestre encerrado em setembro.

Com informações via Asahi Shimbun e Mainichi Shimbun