Pesquisadores japoneses dizem que deitar de bruços reduz gravidade de ataques de ursos

Estudo da Universidade de Akita aponta que vítimas que se jogaram no chão e protegeram cabeça e pescoço sofreram ferimentos mais leves; Japão enfrenta número recorde de mortes por ataques de ursos em 2025.

Pesquisadores da Universidade de Akita, no nordeste do Japão, afirmaram neste domingo (26) que pessoas que se deitam de bruços e cobrem a cabeça e o pescoço durante ataques de ursos tendem a sofrer ferimentos menos graves. A descoberta vem à tona em um momento em que o país enfrenta o maior número de mortes por ataques de ursos já registrado em um único ano.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente do Japão, nove pessoas morreram em ataques de ursos desde abril, início do ano de 2025 — o total mais alto desde o início dos registros oficiais.

O estudo da Universidade de Akita analisou 70 casos de pessoas feridas por ursos na cidade durante o ano de 2023, quando o país registrou seis mortes, o segundo maior número até então.

Os pesquisadores constataram que ferimentos no rosto, nas mãos e nos braços foram os mais comuns. No entanto, todas as sete pessoas que se jogaram no chão, de bruços, e cobriram a cabeça e o pescoço com as mãos conseguiram evitar ferimentos graves.

“É importante que as pessoas compreendam o comportamento dos ursos e aprendam formas eficazes de se proteger”, disse o ortopedista Yuki Ishigaki, que liderou o estudo.

A equipe cruzou dados de atendimentos médicos com registros oficiais da cidade para identificar padrões de ferimentos. A média de idade das vítimas era de 70 anos. Os ferimentos no rosto representaram 55,7% dos casos, nas mãos e braços 54,3%, e na cabeça 44,3% — indicando que os ataques ocorrem principalmente na parte superior do corpo.

Os especialistas explicam que, ao atacar, os ursos costumam ficar em pé, o que faz com que mirem o rosto e a cabeça das vítimas. Por isso, a orientação do governo japonês é que, em um encontro próximo, as pessoas deitem de bruços ou se enrolem, protegendo cabeça, pescoço e abdômen.

O estudo mostrou ainda que as lesões causadas por ursos têm impacto comparável ao de acidentes de trânsito. As vítimas ficaram internadas por uma média de 12,8 dias e continuaram tratamento ambulatorial por cerca de 100 dias. Vinte e três pessoas sofreram fraturas graves, e algumas ficaram com sequelas permanentes, como paralisia facial.

Diante da gravidade da situação, o governador de Akita, Kenta Suzuki, anunciou nas redes sociais que pretende pedir o envio das Forças de Autodefesa do Japão para ajudar no controle dos ursos.

“A situação ultrapassou a capacidade dos governos locais. As equipes em campo estão no limite”, escreveu Suzuki, destacando que visitará o Ministério da Defesa para discutir medidas emergenciais.

Com o aumento das aparições de ursos em áreas habitadas, as autoridades reforçam os alertas à população, recomendando evitar florestas e regiões rurais ao amanhecer e ao entardecer — períodos em que os animais são mais ativos.

Os pesquisadores esperam que as descobertas ajudem a salvar vidas e reduzir o impacto dos ataques, que se tornaram um grave problema ambiental e de segurança pública no Japão.