Com uma das maiores populações estrangeiras do Japão, Oizumi enfrenta desafios de integração cultural, mas novas gerações apontam caminhos para a convivência.
Conhecida por ter uma das maiores populações de estrangeiros residentes no Japão, a pequena cidade de Oizumi vive um momento de transformação. Enquanto a economia local depende fortemente da presença de imigrantes, especialmente brasileiros e peruanos, muitos moradores japoneses ainda demonstram dificuldade em se relacionar com os novos vizinhos.
Embora os estrangeiros façam parte do cotidiano, o contato entre as duas comunidades continua limitado — restrito, na maior parte, a relações comerciais e superficiais.
“Sem estrangeiros, a cidade não existiria”
Um morador de 65 anos, dono de uma empresa de gás, reconhece o papel essencial dos imigrantes na economia local.
“É verdade que só conseguimos manter o negócio por causa deles. Mesmo os proprietários que antes não queriam alugar casas para estrangeiros agora dependem deles como inquilinos”, disse.
Ele conta que, ao longo dos anos, aprendeu a ver semelhanças e diferenças entre japoneses e estrangeiros:
“Alguns atrasam pagamentos, mas japoneses também. Já encontrei casas de estrangeiros mais organizadas do que as de japoneses. No fim, não há tanta diferença assim.”
Apesar de casos isolados de rejeição, a maioria dos moradores demonstra sentimentos ambíguos — um misto de distância, curiosidade e leve desconfiança.
Imigrantes mais visíveis e economicamente ativos
Em Oizumi, é cada vez mais comum ver estrangeiros dirigindo carros de luxo e comprando casas próprias. Desde os anos 2000, muitos passaram a obter financiamentos bancários, antes inacessíveis.
“Antes todos andavam de bicicleta. Depois vieram os Silvias, agora vejo Mercedes e BMWs”, comentou uma funcionária de loja, de 30 anos.
Mesmo assim, a realidade financeira dos estrangeiros é variada. A maioria trabalha como funcionário temporário ou trainee técnico, com salários modestos, apesar das aparências de prosperidade.
Nova geração mistura culturas e quebra barreiras
Entre as gerações mais jovens, o convívio parece natural. Uma moradora de 30 anos, criada em Oizumi, lembra:
“Tive colegas brasileiros e peruanos desde a escola primária. Para mim, eles nunca foram ‘estrangeiros’, mas colegas da cidade.”
Na Escola Municipal Nishi, uma das principais da cidade, cerca de 40% dos alunos são filhos de imigrantes. Para muitos estudantes, crescer em um ambiente multicultural é algo comum.
“Nas salas de aula, a presença de estrangeiros já é normal. Nem precisamos usar expressões como ‘convivência multicultural’”, afirma Katsunori Miyaji, 56 anos, presidente da Associação de Turismo de Oizumi.
Desafios e esperança para o futuro
Miyaji reconhece que ainda falta participação ativa dos moradores japoneses em eventos comunitários com estrangeiros.
“Parece que convivemos bem, mas, na prática, ainda há distância. No entanto, com tantas famílias estrangeiras aqui, é impossível continuarmos separados”, diz.
A associação local tem promovido atividades para aproximar japoneses e imigrantes, acreditando que a mudança virá com as novas gerações.
“Não será da noite para o dia, mas as crianças que crescem juntas hoje farão de Oizumi uma cidade mais unida amanhã”, conclui Miyaji.
Em Oizumi, a convivência entre culturas ainda enfrenta barreiras sutis, mas a realidade nas escolas e nas novas famílias mostra que o futuro pode ser mais integrado, diverso e solidário — um retrato das mudanças silenciosas que transformam o Japão moderno.

 
			 
			 
			