Empresas de energia do Japão buscam alternativas para gás russo sob pressão dos EUA

JERA e Tohoku Electric Power, compradoras de Gás Natural Liquefeito (GNL) do projeto russo Sakhalin-2, afirmam que podem encontrar suprimentos alternativos.

As grandes utilities japonesas JERA e Tohoku Electric Power Co., que dependem do GNL fornecido pelo projeto russo Sakhalin-2, estão se preparando para a possibilidade de interrupção do fornecimento em meio à crescente pressão dos Estados Unidos para que o Japão encerre as importações de energia da Rússia.

Pressão dos EUA vs. Custos Domésticos

As importações japonesas de GNL provenientes de Sakhalin-2 representam cerca de 9% do total de GNL do país, com contratos de longo prazo. A pressão dos EUA para que o Japão pare as compras visa forçar o Kremlin a encerrar a guerra na Ucrânia.

No entanto, a interrupção das compras de Sakhalin-2 é vista como um desafio significativo para o Japão.

  • Dificuldade Política: A Primeira-Ministra Sanae Takaichi informou ao Presidente dos EUA, Donald Trump, durante o encontro desta semana em Tóquio, que banir as importações de GNL russo seria difícil.
  • Impacto Econômico: O ministro da Indústria do Japão alertou que suspender o fornecimento de Sakhalin-2 seria custoso e resultaria em contas de eletricidade mais altas para os consumidores – um risco político para Takaichi, que busca reduzir o custo de vida.

Capacidade de Adaptação das Utilities

As empresas compradoras, no entanto, expressaram confiança na capacidade de encontrar alternativas, caso o fornecimento russo seja interrompido.

  • JERA (Maior Compradora): A JERA recebe cerca de 2 milhões de toneladas de GNL por ano de Sakhalin-2. No entanto, a empresa é uma grande trader, gerenciando anualmente um total de 30 a 35 milhões de toneladas de GNL. Naohiro Maekawa, executivo da JERA, disse que, considerando seu volume total de manuseio de GNL e a opção de recorrer ao mercado spot (imediato), há “uma boa chance de que seremos capazes de fazer algo” para substituir o GNL de Sakhalin. Ele ressaltou, porém, a importância de “manter todos os contratos de longo prazo existentes”.
  • Tohoku Electric Power: A empresa, que obtém cerca de um décimo de seu GNL de Sakhalin-2, está trabalhando para diversificar seus suprimentos para mitigar o risco. O executivo Takayoshi Enomoto afirmou que a Tohoku pode aumentar as compras de GNL dos EUA, já que a empresa considera um eventual fim das compras russas.

Incerteza Sobre o Projeto Alaska LNG

Para aumentar a segurança energética, o Japão está comprando GNL para necessidades emergenciais. Contudo, os compradores japoneses permanecem cautelosos em relação a fechar acordos firmes com o projeto Alaska LNG, favorecido por Trump.

  • Viabilidade: Executivos da JERA e da Tohoku Electric Power expressaram incerteza sobre a viabilidade e estabilidade de fornecimento do projeto de US$ 44 bilhões no Alasca.
  • Custo: “É bastante incerto qual será o custo de aquisição…”, disse Enomoto, da Tohoku, embora tenha admitido um possível impacto positivo em termos de segurança energética e diversificação de suprimentos.

Com informações via Asahi Shimbun