PM Takaichi garante que regras mais duras contra estrangeiros miram criminosos e não cidadãos cumpridores da lei. Governo busca “coexistência ordeira” e acelera fiscalização.
A Primeira-Ministra do Japão, Sanae Takaichi, reiterou em 4 de novembro que o endurecimento das políticas relacionadas a estrangeiros tem como alvo apenas criminosos e infratores de regras, e não os indivíduos que cumprem a lei. Em sua primeira reunião ministerial sobre o tema, ela buscou desfazer a interpretação de que suas propostas seriam xenófobas, afirmando que o objetivo é construir uma “sociedade de coexistência pacífica e ordenada”.
Endurecimento e “Normalização” de Regras
Takaichi ascendeu ao cargo defendendo medidas enérgicas para lidar com a questão dos imigrantes ilegais (overstayers) e estrangeiros que desrespeitam as regras, impulsionada por reportagens sobre atritos sociais (como os ocorridos com residentes curdos em Saitama) e críticas nas redes sociais à política de aceitação de trabalhadores estrangeiros.
- Justificativa: A Premiê declarou que os cidadãos japoneses sentem “ansiedade e injustiça” em relação a atos ilegais e desvios de regras cometidos por uma parcela dos estrangeiros.
- Medidas Aceleradas: Takaichi instruiu o conselho ministerial a avançar com urgência na “normalização” dos sistemas, visando formular a direção das novas políticas até janeiro do próximo ano.
- Propostas em Pauta: As medidas propostas são amplas e incluem triagem mais rigorosa de status de residência, reforço contra o excesso de turismo (overtourism) e discussão sobre restrições na aquisição de terras por estrangeiros.
Um oficial do governo destacou que a maioria dessas medidas já havia sido iniciada na administração anterior de Shigeru Ishiba, e que a abordagem básica é “acelerar esforços na mesma linha de antes”, adicionando medidas de “ordem” à política de “coexistência”.
Não Xenofobia: Foco em Quem Trabalha
A Ministra encarregada de uma sociedade de convívio bem-ordenado e harmonioso com estrangeiros, Kimi Onoda (política do PLD com visão rigorosa e aliada de Takaichi), ecoou o sentimento da Primeira-Ministra após a reunião.
“Se a mídia retratar nossas políticas como visando excluir todos os estrangeiros, isso desmotivará aqueles que estão genuinamente trabalhando duro,” afirmou Onoda.
Apesar das garantias, alguns membros da administração Takaichi expressaram preocupação internamente de que uma ênfase exagerada em medidas mais rígidas possa minar o esforço de coexistência, argumentando que as regulamentações não devem ser apertadas sem considerar a situação real.
Contexto Demográfico e Acordo de Coalizão
O debate ocorre em um contexto de declínio populacional e escassez de mão de obra no Japão. O número de trabalhadores estrangeiros cresceu significativamente, de 480 mil em 2008 para mais de 2,3 milhões no ano passado. A partir de 2027, o Japão planeja introduzir um novo sistema para permitir que trabalhadores estrangeiros continuem no país a longo prazo.
Contudo, a coalizão entre o PLD e o Partido da Inovação do Japão inclui a necessidade de aplicar certos limites na aceitação de estrangeiros, o que garante a continuidade da pauta de endurecimento.
Com informações via NHK World e Asahi Shimbun
