Ícone do cinema e do teatro do Japão, Nakadai brilhou em obras de Akira Kurosawa e Masaki Kobayashi e formou gerações de novos atores.
O ator japonês Tatsuya Nakadai, um dos nomes mais importantes do cinema e do teatro contemporâneo do Japão, morreu aos 92 anos. Conhecido por suas atuações marcantes em filmes como “Kagemusha – A Sombra do Samurai” (1980) e “Yojimbo – O Guarda-Costas” (1961), ambos dirigidos por Akira Kurosawa, Nakadai foi reconhecido mundialmente por sua presença intensa e olhar poderoso nas telas.
Nascido em Tóquio, em 1932, com o nome real Motohisa Nakadai, o artista iniciou sua trajetória em 1952 na escola da companhia teatral Haiyuza. Antes de se dedicar à arte, Nakadai havia sido pugilista, o que contribuiu para sua imponente presença cênica. Ele logo se destacou em montagens teatrais como “Reijo Julie” (Miss Julie) e “Sanmon Opera” (A Ópera dos Três Vinténs).
Sua estreia no cinema aconteceu em 1956, no filme “Hi no Tori” (A Ave de Fogo). A partir daí, Nakadai passou a atuar em produções dirigidas por grandes mestres, como Masaki Kobayashi, com quem trabalhou em “Ningen no Joken” (A Condição Humana) e “Seppuku” (Harakiri). Esses e outros filmes estrelados por ele receberam prêmios nos principais festivais internacionais, incluindo Cannes, Veneza e Berlim, além de Oscars nos Estados Unidos.
Em 1975, ao lado da atriz e diretora Yasuko Miyazaki, sua esposa, fundou a escola de atuação Mumeijuku, dedicada à formação de novos talentos. Entre os artistas que passaram por sua orientação estão Koji Yakusho e Mayumi Wakamura, hoje reconhecidos no Japão.
Nos palcos, Nakadai interpretou papéis clássicos em diversas obras de William Shakespeare, como “Hamlet” e “Macbeth”. Em 2005, contracenou com Tomoko Naraoka na peça “Conduzindo Miss Daisy”, montagem que venceu o Grande Prêmio do Festival Nacional das Artes. Mesmo aos 81 anos, em 2014, ele demonstrou vitalidade ao protagonizar o monólogo “Barrymore”, em que interpretou o ator americano John Barrymore, em uma atuação comovente e intensa.
Em reconhecimento à sua contribuição à cultura japonesa, Tatsuya Nakadai recebeu a Ordem da Cultura em 2015, uma das mais altas honrarias concedidas pelo governo do Japão.
Com sua morte, o Japão perde um verdadeiro símbolo do cinema e do teatro, cuja arte ultrapassou fronteiras e influenciou gerações de atores e cineastas em todo o mundo.
