Compradores estrangeiros dobram participação em novos condomínios em Tóquio, aponta governo japonês

Levantamento revela avanço de aquisições com endereços no exterior e leva governo Takaichi a estudar medidas contra compras especulativas

Um levantamento do Ministério da Terra, Infraestrutura, Transportes e Turismo do Japão mostrou um aumento significativo na participação de compradores com endereços no exterior na aquisição de novos condomínios em grandes áreas metropolitanas do país. Em Tóquio, a fatia desse grupo dobrou e chegou a 3,0% no período de janeiro a junho de 2025.

Nos seis distritos centrais da capital — incluindo Chiyoda, onde ficam o Palácio Imperial, ministérios e grandes empresas — o crescimento foi ainda mais marcante: de 3,2% para 7,5%. O avanço reforça sinais de que compras ligadas a endereços fora do Japão têm aumentado rapidamente.

Segundo o relatório, a maioria desses compradores estava registrada em Taiwan, seguida por China, Cingapura, Hong Kong e Reino Unido.

Especialistas afirmam que parte dessas operações pode ter caráter especulativo, ajudando a elevar os preços dos imóveis sem refletir demanda real. Diante disso, o governo da primeira-ministra Sanae Takaichi estuda medidas para conter esse tipo de negociação, independentemente de o comprador ter endereço no Japão ou no exterior.

O ministro da Terra, Yasushi Kaneko, reconheceu que o governo não possui informações sobre a nacionalidade dos compradores, já que esses dados não constam nos registros de propriedade. Mesmo assim, afirmou em entrevista coletiva que “transações especulativas sem base em demanda real são indesejáveis”. Ele disse ainda que o ministério vai trabalhar junto ao setor imobiliário para reduzir esse tipo de prática.

Uma das propostas em análise é a criação de um sistema que obrigue quem registra a transferência de propriedade a declarar sua nacionalidade. Porém, há preocupação de que esse tipo de informação possa gerar discriminação ou violação de direitos, segundo um funcionário do Ministério da Justiça. Assim, o governo deve exigir o dado, mas utilizá-lo apenas internamente, sem publicá-lo nos registros.

Fora da capital, o aumento também foi expressivo. Em Sapporo, no norte de Hokkaido, a participação de compradores com endereço no exterior quase triplicou, passando de 0,7% para 2,0%. Em Kanagawa, região vizinha a Tóquio, a alta foi de 0,3% para 1,0%.

Esta foi a primeira vez que o ministério realizou um levantamento desse tipo, motivado por preocupações de que compras por estrangeiros estariam pressionando os preços dos condomínios no país.

Desde que assumiu o cargo em 21 de outubro, a primeira-ministra Takaichi tem defendido regras mais rígidas para a aquisição de terras por estrangeiros não residentes, alinhada a suas posições conservadoras voltadas à segurança econômica e de defesa.