Plano de fortes gastos públicos gera preocupação sobre a saúde fiscal do Japão e pressiona juros de longo prazo
Os parlamentares japoneses começaram nesta segunda-feira as discussões sobre um orçamento extra de 18,3 trilhões de ienes para o ano atual. O pacote, proposto pela primeira-ministra Sanae Takaichi, inclui gastos amplos e tem preocupado economistas e o mercado financeiro pela possibilidade de piorar ainda mais a saúde fiscal do país.
O governo e o bloco governista, liderado pelo Partido Liberal Democrata (LDP), querem aprovar o orçamento até 17 de dezembro, dentro da atual sessão da Dieta (Parlamento). O objetivo é financiar um novo pacote de estímulo voltado a aliviar o custo de vida e incentivar investimentos para impulsionar o crescimento econômico.
Para bancar o plano, o governo pretende emitir 11,7 trilhões de ienes em novos títulos públicos, o que cobre mais de 60% do orçamento suplementar — o maior desde 2022, quando o Japão ampliou gastos por causa da crise da pandemia.
Questionada pela oposição sobre o tamanho do orçamento, Takaichi disse que o pacote contém apenas medidas “realmente necessárias” e classificou os gastos como “estratégicos”.
Em discurso na Câmara dos Deputados, a ministra das Finanças Satsuki Katayama pediu aprovação rápida, afirmando que o consumo segue fraco porque os salários não conseguem acompanhar a inflação. Segundo ela, o pacote econômico busca “proteger o padrão de vida” e “restaurar a força da economia japonesa”.
Enquanto isso, o mercado financeiro reagiu com preocupação. Temores de que a política expansionista de Takaichi piore as contas públicas levaram investidores a vender títulos do governo, o que fez disparar os juros de longo prazo. O rendimento do título japonês de 10 anos atingiu o maior nível desde junho de 2007. O Japão já tem a pior situação fiscal entre as economias avançadas, com dívida superior ao dobro do tamanho de sua economia.
O orçamento prevê medidas de alívio, incluindo subsídios para contas de luz e gás e auxílio em dinheiro para famílias com crianças. Também contempla ações de estímulo a investimentos, principalmente nos setores de semicondutores e construção naval, considerados essenciais para a segurança nacional.
Outra parte dos recursos será direcionada para gastos de defesa, com o objetivo de elevar o investimento militar a 2% do PIB já em 2025 — dois anos antes da meta anterior, que era 2027.
Enquanto isso, o principal partido de oposição, o Constitutional Democratic Party of Japan, e o Komeito — que deixou a coalizão com o LDP após Takaichi assumir o cargo em outubro — estudam apresentar uma proposta alternativa para redirecionar parte dos gastos, com foco maior em famílias de baixa e média renda.
