Terremoto de 7,5 no nordeste do Japão deixa ao menos 50 feridos e causa alertas para novos tremores

Sismo forte atingiu Aomori na noite de segunda-feira, interrompeu serviços, gerou avisos de tsunami e levou centenas de moradores a evacuarem sob frio intenso

O número de feridos após o forte terremoto de magnitude 7,5 que atingiu o nordeste do Japão na noite de segunda-feira subiu para pelo menos 50 pessoas, segundo levantamento da Kyodo News divulgado nesta terça-feira. O tremor, registrado às 23h15 no horário local, ocorreu no mar, próximo à costa leste de Aomori, a cerca de 54 quilômetros de profundidade. O abalo causou interrupções no transporte, problemas no abastecimento de água e cancelamento de aulas.

A Agência Meteorológica do Japão afirmou que novos tremores de magnitude igual ou maior podem ocorrer nos próximos dias — a primeira vez que o órgão emite esse tipo de alerta especial, criado após o desastre de 2011. A notificação envolve 182 municípios em sete cidades, de Hokkaido até Chiba, perto de Tóquio.

A empresa JR East suspendeu temporariamente os trens-bala na Linha Tohoku Shinkansen entre Morioka e Shin-Aomori para inspeções, retomando as operações por volta das 15h40 de terça-feira.

A primeira-ministra Sanae Takaichi pediu que moradores sigam atentos às informações oficiais durante a próxima semana e tomem medidas de precaução, como prender móveis e preparar rotas de evacuação. “O governo solicita que as pessoas mantenham suas atividades, mas prontas para evacuar imediatamente caso sintam qualquer tremor”, disse.

Feridos foram registrados em Hokkaido, Aomori e Iwate, e dezenas de pessoas permanecem em abrigos. Em Mutsu, 31 pacientes de um hospital danificado — que sofreu alagamento após problemas no sistema de sprinklers — tiveram de ser transferidos.

Cerca de 1.360 residências ficaram sem água por causa de tubulações rompidas. As aulas foram canceladas em 139 escolas de Aomori e em 48 de Hokkaido.

O Ministério da Defesa abriu instalações das Forças de Autodefesa em Hachinohe (Aomori) para uso como centros de evacuação. Em determinado momento, cerca de 620 pessoas e 270 veículos estavam abrigados nesses locais. O terremoto atingiu a região durante a madrugada, em temperatura abaixo de zero, e um alerta de tsunami foi emitido — depois rebaixado e finalmente suspenso às 6h20 da manhã de terça-feira.

Moradores relataram medo e dificuldades para deixar suas casas. Em Hidaka, Hokkaido, mais de 200 pessoas passaram a noite em um centro municipal, tentando se aquecer com cobertores e aquecedores, enquanto os termômetros marcavam –7,8°C.

Uma moradora de 74 anos lembrou que já havia vivido outro terremoto na região do Kamchatka, na Rússia, e por isso decidiu evacuar assim que ouviu o alerta. Já em Kamaishi, Iwate, uma senhora de 75 anos contou que hesitou em sair por medo de encontrar ursos no caminho, além de precisar cuidar do marido e de seu gato, mas acabou indo para um local mais alto com a ajuda da filha.

Apesar da força do tremor, não foram registrados problemas em usinas nucleares de Hokkaido, Aomori, Miyagi e Fukushima. A Tokyo Electric Power Company (TEPCO) chegou a suspender a liberação de água tratada da usina de Fukushima Daiichi após os alertas de tsunami, mas retomou o procedimento à tarde. A Autoridade Reguladora Nuclear afirmou que não foram identificados riscos de segurança.

Em Rokkasho, Aomori, houve um vazamento de água em uma piscina de armazenamento de combustível nuclear, mas o líquido não saiu do prédio. A Agência Meteorológica revisou a magnitude do terremoto de 7,6 para 7,5 e chegou a alertar para ondas de até 3 metros; no entanto, a maior registrada foi de 70 centímetros, em Iwate.

O tremor atingiu intensidade máxima de nível 6 superior na escala sísmica japonesa, que vai até 7 — uma força em que é impossível ficar em pé. A região afetada fica na zona da trincheira onde a placa do Pacífico mergulha sob a ilha principal de Honshu, área conhecida por gerar grandes terremotos.

O sistema de alerta especial, criado em 2022, prevê que, após um sismo de magnitude 7 ou maior, existe uma chance de 1% de ocorrer um terremoto de magnitude 8 ou superior em até sete dias. O mecanismo foi desenvolvido após o desastre de 2011, quando um tremor de magnitude 7,3 ocorreu dois dias antes do devastador terremoto de 9,0 que gerou o tsunami e a crise nuclear de Fukushima.