Casais homoafetivos levam ao Supremo disputa contra proibição do casamento igualitário no Japão

Pride flag, LGBTQ. Free public domain CC0 photo.

Recursos contestam decisão do Tribunal de Tóquio que considerou constitucional a atual lei que impede casamentos entre pessoas do mesmo sexo

Casais do mesmo sexo e outros autores de um processo contra a proibição do casamento igualitário no Japão levaram o caso ao Supremo Tribunal nesta quinta-feira. O recurso foi apresentado após o Tribunal Superior de Tóquio decidir, no mês passado, que a legislação atual — que impede o casamento entre pessoas do mesmo sexo — continua sendo constitucional.

A decisão de Tóquio contrasta com cinco outros julgamentos semelhantes realizados em diferentes regiões do país, que consideraram a proibição incompatível com a Constituição japonesa. Com isso, ela se tornou a única decisão de segunda instância a apoiar a posição do governo até agora.

O Supremo Tribunal deve emitir uma decisão única que valerá para todos os casos relacionados, possivelmente já no próximo ano.

Em entrevista coletiva em Tóquio, a advogada Takako Uesugi, que representa os oito autores do processo, criticou duramente o veredicto recente. Segundo ela, a decisão é “extremamente diferente” das outras cinco que apontaram inconstitucionalidade. “Isso é algo que nunca poderemos aceitar”, afirmou. Uesugi acrescentou que pedirá ao Supremo — “guardião da Constituição” — que declare claramente que a proibição é inconstitucional.

Shinya Yamagata, de 58 anos, um dos autores da ação, participou da coletiva e disse ter esperança com o encaminhamento do caso à instância máxima da justiça japonesa.

Na decisão contestada, o Tribunal Superior de Tóquio afirmou que o sistema atual de casamento contribui para criar um ambiente adequado para criar filhos, e que é razoável interpretar “marido e mulher” como um homem e uma mulher. O tribunal também declarou que a liberdade de casamento garantida pelo Artigo 24 da Constituição não se aplica a casais do mesmo sexo.