Universidades japonesas divididas: Aumentar ou não a mensalidade para alunos estrangeiros?

Com o fim do teto governamental, instituições como Tohoku e Hiroshima confirmam reajustes, enquanto Osaka e outras temem impacto na diversidade e equidade no campus.

A comunidade acadêmica japonesa vive um momento de divisão e debate intenso. Após o governo remover o teto que limitava as taxas de matrícula para estudantes internacionais, as principais universidades do país estão diante de um dilema: aumentar as mensalidades para cobrir custos e impulsionar a receita ou manter os valores para garantir a justiça e a diversidade no campus.

A medida alinha o Japão a muitas nações ocidentais, onde estrangeiros pagam significativamente mais, mas gera preocupações sobre o acesso de estudantes de países em desenvolvimento.

O Fim do Teto e os “Primeiros Pinguins”

Anteriormente, as taxas das universidades nacionais eram fixadas por uma portaria do ministério em um padrão de 535.800 ienes (US$ 3.500) por ano, com um teto máximo de 1,2 vezes esse valor. Em março de 2024, o Ministério da Educação removeu esse limite especificamente para estudantes internacionais.

Algumas instituições já se moveram:

A Resistência e a Indecisão

Apesar da abertura legal, muitas universidades de prestígio permanecem cautelosas ou contrárias, temendo que a medida prejudique a entrada de talentos globais.

  • “Não estão considerando”: Universidade de Osaka, Universidade de Hokkaido e a Universidade Keio (privada) afirmaram que não planejam aumentos no momento.
  • “Indecisos”: Um bloco significativo, incluindo a Universidade de Tóquio (Todai), Universidade de Kyoto, Universidade de Nagoya, Universidade de Kyushu, Universidade de Tsukuba e o Instituto de Ciências de Tóquio, declarou que o assunto ainda está em deliberação.

O Argumento da Diversidade: O presidente de uma universidade nacional que rejeita o aumento afirmou: “Um aumento na mensalidade teria um impacto significativo nos candidatos de países em desenvolvimento. Isso poderia restringir a diversidade das regiões de origem dos nossos alunos.”

Custos Extras e Contexto Global

Os defensores do aumento argumentam que estudantes internacionais exigem mais recursos, como suporte linguístico e assistência para a vida cotidiana no Japão. O Ministério da Educação tem incentivado as universidades a cobrirem esses custos para garantir a qualidade do ensino.

Além disso, o Japão era um dos poucos países (junto com Itália, Alemanha, Noruega e Espanha) onde não havia diferença de taxas entre nacionais e estrangeiros.

Comparação Internacional:

  • Reino Unido: Na Universidade de Cambridge, a anuidade para locais é de £ 9.250, enquanto para estrangeiros varia de £ 27.000 a £ 70.000.
  • Estados Unidos: Universidades estaduais cobram muito mais de alunos “de fora do estado”. Na Universidade de Maryland, locais pagam US$ 10.000, enquanto estrangeiros pagam mais de US$ 40.000.
  • França: A mensalidade para estrangeiros chega a ser 16 vezes maior que a de nacionais.

No entanto, críticos lembram que os EUA oferecem sistemas robustos de bolsas de estudo, algo que o Japão precisaria expandir caso adote o modelo de mensalidades diferenciadas.

Com informações via Asahi Shimbun