Governo teme impactos ambientais e discute mudanças na política de energia renovável
O governo do Japão está avaliando encerrar os subsídios para novas grandes usinas de energia solar a partir do ano de 2027. A informação foi divulgada por fontes ligadas ao tema nesta segunda-feira. A principal preocupação é o impacto dessas instalações no meio ambiente e nos ecossistemas locais.
A possível decisão representa uma mudança importante na postura do governo em relação à expansão das energias renováveis e pode levar à revisão dos planos do país para alcançar suas metas climáticas.
Desde 2012, após o grande terremoto e o acidente nuclear na usina de Fukushima Daiichi, o Japão passou a incentivar fortemente a energia solar. Isso ocorreu por meio do sistema de tarifa de incentivo, no qual o governo compra a eletricidade gerada por fontes renováveis a preços fixos e acima do valor de mercado.
Com os subsídios ajudando a reduzir os custos de desenvolvimento, o fim desse apoio pode desestimular novos investimentos e reduzir o número de projetos de grande porte no país.
Nos últimos anos, a construção de usinas solares de grande escala gerou críticas da população e de ambientalistas. Em regiões como os pântanos de Kushiro, em Hokkaido, houve reclamações de que os projetos estariam prejudicando o habitat de animais silvestres, incluindo espécies ameaçadas de extinção, além de causar danos ao ambiente natural.
Outro ponto levantado por parlamentares é a dependência externa. Atualmente, a China responde por cerca de 80% da produção mundial de painéis solares, o que levanta preocupações sobre segurança energética e econômica.
A maioria das empresas do setor solar recebeu apoio do governo. No ano de 2025, o orçamento para as tarifas de incentivo chegou a 4,9 trilhões de ienes, o equivalente a cerca de 31,5 bilhões de dólares. Desse total, 3 trilhões de ienes, mais de 60%, foram destinados à energia solar comercial. Parte desse custo acabou sendo repassada aos consumidores.
Até o fim deste ano, o governo japonês deve elaborar propostas para eliminar o apoio a grandes projetos solares comerciais. No entanto, os subsídios para a instalação de painéis solares em residências devem ser mantidos.
Em 2024, a energia solar representou 9,9% da eletricidade gerada no Japão. A meta do país é elevar essa participação para entre 23% e 29% até o ano de 2040.
