Keidanren propõe “Atração Estratégica” e nova lei básica para estrangeiros no Japão

Maior lobby empresarial do país defende mudança de paradigma para atrair talentos e criar uma sociedade inclusiva diante da crise de mão de obra.

A Federação das Indústrias do Japão (Keidanren), principal organização empresarial do país, apresentou nesta segunda-feira (15) um conjunto de recomendações urgentes ao governo da primeira-ministra Sanae Takaichi. O documento defende que a política para residentes estrangeiros no Japão está em um “estágio de transição” e exige uma mudança de paradigma: passar da simples “aceitação” para a “atração estratégica”.

Atualmente, o Japão conta com um recorde de 3,95 milhões de residentes estrangeiros (cerca de 3% da população), mas as projeções indicam que esse número deve saltar para 10 milhões na década de 2040 para suprir a escassez de trabalhadores em diversos setores.

Propostas Centrais: Lei Básica e Novo Departamento

A Keidanren argumenta que a atual Lei de Controle de Imigração não define uma filosofia clara sobre a integração dessas pessoas na sociedade. Por isso, a entidade propõe:

  • Lei Básica de Inclusão: A criação de uma legislação que estabeleça o compromisso do Japão em promover uma sociedade inclusiva, onde residentes japoneses e estrangeiros apoiem uns aos outros.
  • Departamento Especializado: O estabelecimento de um órgão permanente e especializado, chefiado diretamente pela primeira-ministra. Este departamento coordenaria políticas transversais em áreas como emprego e educação, com um ministro de gabinete detentor de poderes investigativos.
  • Foco em Talentos: Definir perfis desejados de talentos globais que possam impulsionar a inovação tecnológica no país.

Desafios: Ansiedade Pública e Responsabilidade Corporativa

O lobby reconhece que o aumento da população estrangeira trouxe desafios sociais que o governo precisa enfrentar:

  1. Segurança e Xenofobia: Atividades ilegais cometidas por uma minoria de estrangeiros têm gerado ansiedade pública e sentimento de injustiça. Ao mesmo tempo, casos de xenofobia entre a população local tornaram-se problemáticos.
  2. Ambiente de Trabalho: A proposta enfatiza que as empresas devem “tirar o escorpião do bolso” e melhorar o ambiente laboral. Isso inclui aumento de remuneração, revisão de benefícios, suporte multilíngue e garantia de segurança para aumentar o senso de pertencimento do trabalhador.
  3. Redes Regionais: A comunidade empresarial comprometeu-se a fomentar redes de apoio regional para integrar os estrangeiros em suas comunidades locais.

O Risco da Inércia

Especialistas alertam que a resistência à integração pode ser fatal para a economia japonesa. Toshihiro Menju, professor convidado na Universidade Kansai de Estudos Internacionais, destaca que o aumento de estrangeiros é essencial para suplementar a força de trabalho decrescente: “Se isso for suprimido, há o risco de a sociedade cair em disfunção”.

Com essas recomendações, a Keidanren espera que o Japão deixe de apenas “preencher lacunas” e passe a ser um destino global competitivo para profissionais de todo o mundo.

Com informações via Asahi Shimbun