Empresas de bebidas crescem na China e tentam conquistar jovens americanos com chás doces e coloridos
Marcas chinesas de chá e bebidas com bolhas, conhecidas como bubble tea, estão ampliando sua presença nos Estados Unidos e apostando no gosto do público jovem americano. Uma das empreendedoras à frente desse movimento é Amanda Wang, cofundadora da rede chinesa Ningji Lemon Tea.
Antes de lançar a marca Bobobaba nos Estados Unidos, Wang fez quatro viagens de pesquisa ao país. A nova rede foi criada especialmente para atender ao paladar americano, com bebidas mais doces do que as vendidas na China, além de cores chamativas, pedaços de frutas, pérolas de tapioca e logotipos pensados para redes sociais como o Instagram. A Ningji Lemon Tea tem apoio de grandes empresas de tecnologia chinesas, como Tencent e ByteDance.
Segundo Wang, o mercado americano de bubble tea ainda está em desenvolvimento. Ela afirma que abrir um negócio nos Estados Unidos é mais lento do que na China. Enquanto em seu país é possível inaugurar uma loja em cerca de 20 dias após a assinatura de um contrato, nos EUA o processo levou sete meses. Mesmo assim, a empresária diz ter um plano de expansão cauteloso para os próximos dez anos.
Além da Bobobaba, outras marcas chinesas de chá moderno, como Chagee Tea House, Chahalo, Molly Tea e Auntea Jenny, abriram lojas ou anunciaram expansão nos Estados Unidos no último ano. Essas empresas cresceram rapidamente na China com inovações de sabor, marcas modernas e abertura acelerada de lojas.
A Mixue, conhecida por vender chás de frutas a preços baixos, tornou-se a maior rede de alimentos e bebidas do mundo em número de lojas, com mais de 53 mil unidades globais. Em setembro, a empresa anunciou um contrato de aluguel de dez anos para abrir uma loja em Nova York.
Para especialistas do setor, o interesse pelo mercado americano é grande. Felix Lin, diretor executivo de uma distribuidora de alimentos asiáticos baseada em Nevada, afirmou que tem recebido cada vez mais contatos de redes chinesas interessadas em entrar nos Estados Unidos.
A Chagee, que abriu capital na bolsa Nasdaq em abril, mantém mais de 80 funcionários trabalhando exclusivamente em seus planos de expansão no país. A empresa pretende abrir uma grande loja conceito no Vale do Silício no próximo ano. Parte da estratégia inclui campanhas para promover o consumo de chá e apresentá-lo como uma nova categoria de bebida para os americanos, de forma semelhante ao que a Starbucks fez ao popularizar o café na China décadas atrás.
Apesar das oportunidades, os desafios são claros. Segundo Amanda Wang, questões culturais e o reconhecimento das marcas ainda são os principais obstáculos. Para ela, conquistar a confiança do consumidor americano será um processo longo, mas com grande potencial de crescimento.
