Após atritos diplomáticos sobre Taiwan e radares travados no Pacífico, a primeira-ministra do Japão reafirma busca por estabilidade, enquanto a China intensifica ofensiva internacional contra Tóquio.
A primeira-ministra do Japão, Sanae Takaichi, encerrou a sessão extraordinária da Dieta em 17 de dezembro reforçando uma postura diplomática de equilíbrio. Apesar de ser conhecida por suas visões de segurança assertivas (frequentemente chamadas de “hawkish”), Takaichi enfatizou que o Japão busca uma relação “construtiva e estável” com a China, classificando o país vizinho como um parceiro essencial.
O Ponto de Atrito: A “Contingência em Taiwan”
A tensão atual foi desencadeada por comentários de Takaichi em novembro, quando sugeriu que um ataque a Taiwan poderia ser considerado uma ameaça existencial ao Japão, o que autorizaria uma resposta das Forças de Autodefesa (SDF).
- Reação da China: Pequim, que considera Taiwan uma província rebelde e uma questão interna, respondeu com sanções, incluindo um alerta de viagem contra o Japão e a suspensão da importação de frutos do mar japoneses.
- A Defesa de Takaichi: A primeira-ministra afirmou que suas falas não alteram a posição histórica do governo japonês e que continuará explicando isso “paciente e persistentemente” à comunidade internacional.
- Incidentes Militares: No início de dezembro, o Ministério da Defesa do Japão relatou que caças chineses travaram radares (radar lock) em aeronaves japonesas ao sudeste de Okinawa, um gesto técnico que precede um disparo e aumenta o risco de erro de cálculo.
Ofensiva Diplomática Chinesa
Enquanto Takaichi prega o diálogo, o chanceler chinês Wang Yi iniciou uma campanha global para isolar a narrativa japonesa.
- Giro pelo Oriente Médio: Em visitas aos Emirados Árabes, Arábia Saudita e Jordânia (12 a 16 de dezembro), Wang explicou a posição de Pequim e criticou o que chamou de “interferência do Japão em assuntos domésticos”.
- Pressão na ONU: A China tem utilizado fóruns das Nações Unidas e reuniões com líderes da Ásia Central e Europa para buscar apoio diplomático contra as declarações de Tóquio.
- Consistência Japonesa: O Japão rebateu, afirmando que os argumentos chineses de que houve uma mudança na política de segurança japonesa “não são verdadeiros” e não serão reconhecidos.
Economia e Política Interna: “Gestão de Crise”
No campo doméstico, Takaichi enfrenta o desafio de governar sem maioria absoluta na Câmara Alta e com uma maioria estreita na Câmara Baixa, apoiada pelo parceiro de coalizão Nippon Ishin (Partido da Inovação do Japão).
| Prioridade | Ação Anunciada |
| Investimento em Segurança | Criação de um marco para investimentos conjunto público-privado em segurança econômica. |
| Disciplina Fiscal | Seleção rigorosa de prioridades no orçamento para manter a confiança do mercado diante da alta dos juros. |
| Eleições Antecipadas | Takaichi descartou dissolver a Câmara Baixa agora, afirmando ter “uma montanha de tarefas” prioritárias. |
Próximos Passos Diplomáticos
Takaichi busca consolidar sua rede de alianças para equilibrar a pressão chinesa:
- EUA: Expressou o desejo de realizar uma segunda cúpula presencial com o presidente Donald Trump o mais rápido possível.
- Coreia do Sul: Prometeu promover visitas recíprocas com o presidente Lee Jae-myung para fortalecer os laços trilaterais.
Com informações via NHK World, Asahi Shimbun e Mainichi Shimbun
