Terremoto sob Tóquio pode causar até 18 mil mortes, aponta governo japonês

Maioria das vítimas seria causada por incêndios; novas estimativas mostram redução em relação a 2013

Um forte terremoto com alta probabilidade de ocorrer sob Tóquio e regiões próximas nas próximas décadas pode provocar até 18 mil mortes, segundo estimativa divulgada nesta sexta-feira por um painel do governo japonês. Cerca de dois terços das vítimas seriam causadas por incêndios após o tremor.

O estudo considera um terremoto de magnitude 7,3 atingindo a região metropolitana. Apesar do número elevado, a nova estimativa é 5 mil mortes menor do que a projeção feita em 2013. A redução é atribuída ao aumento de prédios mais resistentes a terremotos e a melhorias nas medidas de prevenção de incêndios, especialmente em áreas densamente povoadas com muitas casas de madeira.

Para comparação, o terremoto e tsunami de 11 de março de 2011, de magnitude 9,0, que atingiu o nordeste do Japão, causou 15.900 mortes relacionadas ao desastre.

As perdas econômicas também seriam enormes. A destruição de fábricas e a queda na produção podem gerar prejuízos de até 82,6 trilhões de ienes (cerca de US$ 530 bilhões) no pior cenário, valor cerca de 13 trilhões de ienes menor do que a estimativa anterior.

O governo japonês informou que pretende atualizar seus planos de prevenção para um terremoto direto em Tóquio e reforçar ações para reduzir danos e manter o funcionamento das principais funções do Estado. As medidas devem ser coordenadas por uma nova agência de gestão de desastres, com lançamento previsto para o ano de 2026.

Segundo o governo, existe cerca de 70% de chance de um terremoto de magnitude 7 ocorrer sob a região metropolitana de Tóquio nos próximos 30 anos. O cenário mais crítico considera o epicentro na área centro-sul da capital, onde estão concentradas infraestruturas essenciais.

No pior caso, o terremoto ocorreria em uma noite de inverno, com ventos fortes de quase 29 km/h. As mortes se espalhariam por Tóquio e quatro cidades vizinhas. Somente na capital, a estimativa é de 8 mil mortes, mais de 40% do total.

Até 402 mil edifícios poderiam desabar ou ser destruídos por incêndios, número bem menor que o calculado anteriormente. O total de pessoas evacuadas pode chegar a 4,8 milhões após duas semanas.

Pela primeira vez, o estudo também incluiu estimativas de mortes relacionadas às dificuldades enfrentadas por pessoas obrigadas a viver por longos períodos em abrigos, com números variando entre 16 mil e 41 mil.

Caso o terremoto aconteça em um dia útil ao meio-dia, cerca de 8,4 milhões de pessoas em Tóquio e nas cidades de Chiba, Kanagawa, Saitama e Ibaraki não conseguiriam voltar para casa. Além disso, entre 650 mil e 880 mil visitantes, incluindo turistas estrangeiros, poderiam ficar retidos na região.

Em uma análise separada, o painel também revisou as estimativas para um terremoto de magnitude 8 ao longo da Fossa de Sagami, ao sul de Tóquio. Nesse caso, o número de mortes foi reduzido de 70 mil para 23 mil. Apesar da menor probabilidade de ocorrer em breve, esse cenário ainda é considerado grave devido ao risco de tsunami e à grande área que exigiria operações de resgate.