Japão aprova orçamento recorde de ¥115,2 tri após reviravolta de Ishiba

Primeiro-ministro recua em aumento de custos médicos para garantir aprovação no Parlamento.

O Parlamento japonês aprovou nesta segunda-feira, dia 31, o orçamento estatal para o ano fiscal de 2025, no valor recorde de ¥115,2 trilhões (US$ 770 bilhões). A decisão veio após uma reviravolta do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, que cancelou um planejado aumento nos custos médicos, garantindo apoio da oposição e uma vitória para seu governo minoritário.

Esta é a primeira vez que um orçamento é aprovado após ser revisado pelo Senado e pela Câmara dos Representantes. O governo de Ishiba, que perdeu a maioria na Câmara Baixa nas eleições de 2024, contou com o apoio do Partido da Inovação do Japão, garantindo a aprovação da proposta.

“Faremos o possível para estabilizar e melhorar a vida da população, garantindo que os salários cresçam mais rápido que a inflação,” afirmou Ishiba.

Pressão política e desafios futuros
A aprovação do orçamento acontece em meio a um momento delicado para o governo, com a popularidade de Ishiba em baixa após revelações de que ele distribuiu vales-presente de ¥100.000 para deputados novatos do Partido Liberal Democrata (PLD). Além disso, o PLD enfrenta um escândalo de fundos ilícitos, pressionando o governo antes das eleições para o Senado neste verão.

Ishiba tem buscado apoio da oposição para aprovar leis e orçamentos, incorporando demandas de outros partidos. Como parte do acordo para a aprovação do orçamento, o governo aceitou:

– Expansão de subsídios para tornar a educação secundária gratuita
– Aumento do limite de renda para pagamento de impostos
– Cancelamento do aumento dos custos médicos, solicitado pelo Partido Democrático Constitucional do Japão

Orçamento prioriza defesa e segurança social
Cerca de um terço do orçamento será destinado à segurança social, enquanto o Japão planeja gastar um valor recorde de ¥8,7 trilhões em defesa, devido a ameaças da China e Coreia do Norte. Também foram incluídas medidas para aliviar o impacto da alta dos preços, apesar do país registrar seu maior crescimento salarial em décadas.

Apesar da aprovação, Ishiba continuará enfrentando desafios políticos, já que a oposição promete aumentar a pressão sobre o financiamento de campanhas e doações corporativas, uma questão que ainda causa polêmica dentro do PLD.