Dois japoneses são investigados por facilitar trabalho online para hacker norte-coreano

Dupla forneceu dados pessoais para que um suposto programador da Coreia do Norte atuasse ilegalmente em sites de freelancers.

Duas pessoas do sexo masculino, ambas na faixa dos 30 anos, foram encaminhadas nesta segunda, dia 7, ao Ministério Público do Japão sob suspeita de terem colaborado com um indivíduo supostamente ligado ao regime da Coreia do Norte para fraudes em plataformas de trabalho freelance. A investigação aponta que os acusados cederam dados pessoais, como imagens de carteiras de motorista e informações bancárias, para que o suposto hacker norte-coreano pudesse se passar por cidadãos japoneses.

O caso remonta a 2020, quando os dados dos suspeitos teriam sido usados para criar perfis falsos em sites de prestação de serviços online. Por meio dessas contas, o suposto trabalhador norte-coreano aceitou tarefas de desenvolvimento de software e TI, com os pagamentos sendo depositados nas contas bancárias japonesas e posteriormente enviados ao exterior.

As autoridades acreditam que até 90% da receita gerada foi repassada para fora do Japão, com fortes indícios de que os valores estejam ligados ao financiamento dos programas de mísseis e armas nucleares da Coreia do Norte. Os dois japoneses recebiam uma comissão de cerca de 10% pelos valores movimentados.

A prática preocupa a comunidade internacional. Um relatório do Painel de Especialistas do Conselho de Segurança da ONU, que monitora sanções impostas à Coreia do Norte, já havia alertado para esse tipo de operação, onde trabalhadores de TI norte-coreanos ocultam sua identidade real para gerar receitas ao regime por meios ilegais.

Em março de 2024, a Agência Nacional de Polícia do Japão emitiu um comunicado alertando empresas e organizações a reforçarem seus sistemas de verificação de identidade, mencionando que cidadãos japoneses poderiam estar sendo usados como “fachadas” por profissionais norte-coreanos infiltrados digitalmente.

As autoridades seguem investigando o caso com cautela, dada sua complexidade e possível conexão com violações de sanções internacionais. Caso condenados, os suspeitos podem enfrentar acusações de fraude, lavagem de dinheiro e colaboração com entidades estrangeiras sob sanção.