Governo e sindicato negociam aumento salarial frente às tarifas de Trump

Encontro histórico após 16 anos visa proteger trabalhadores de pequenas e médias empresas da pressão econômica global.

O primeiro-ministro, Shigeru Ishiba, e a presidente da maior central sindical do país, Tomoko Yoshino, anunciaram nesta segunda-feira, dia 14, um esforço conjunto para aumentar os salários no Japão e minimizar os efeitos das tarifas comerciais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump.

Esse foi o primeiro encontro direto entre um premiê e a liderança da Confederação Sindical Japonesa (Rengo) em cerca de 16 anos.

Durante a reunião, Ishiba destacou que o governo e os sindicatos devem atuar juntos para garantir que trabalhadores de pequenas e médias empresas não arquem com o peso das turbulências econômicas causadas pelas tarifas:

“Quero compartilhar a consciência desse desafio e superá-lo juntos com a Rengo”, declarou o premiê.

Já Yoshino expressou preocupação com a possibilidade de que o ambiente internacional reduza o ímpeto por aumentos salariais, e pediu ao governo “esforços máximos”:

“Cada vez mais trabalhadores estão apreensivos com o futuro das negociações salariais, já que as tarifas dos EUA trouxeram confusão à economia global”, alertou.

Ishiba reiterou que pretende “realizar aumentos salariais acima da inflação”, colocando o crescimento da renda como um dos pilares da estratégia de crescimento econômico nacional.

A Rengo, tradicional apoiadora de partidos de oposição como o PDCJ e o PDP, tem ganhado atenção do governista PLD, que busca ampliar sua base de apoio às vésperas das eleições para a câmara alta, marcadas para este verão.

A reunião foi fruto de um pedido formal feito por Yoshino em janeiro, solicitando a retomada do diálogo direto com o premiê. Em março, a presidente da Rengo também se tornou a primeira líder sindical em 20 anos a participar da convenção anual do PLD, sinalizando um momento raro de abertura entre o governo conservador e o maior representante do trabalho organizado no país.