G7 em crise: Trump abandona cúpula e tensão cresce no oriente médio; Negociações EUA-Japão fracassam

Trump deixa G7 às pressas devido a crise Israel-Irã, impactando negociações com o Japão. Ishiba Shigeru enfrenta moção de desconfiança em Tóquio.

A tão esperada Cúpula do G7 em Kananaskis, Canadá, foi abruptamente interrompida pela saída antecipada do presidente dos EUA, Donald Trump, que retornou a Washington para lidar com uma escalada urgente no Oriente Médio. Sua partida não apenas ofuscou um encontro crucial com o primeiro-ministro japonês Ishiba Shigeru, mas também deixou as negociações tarifárias entre os dois países em um impasse e gerou instabilidade política em Tóquio.

O primeiro-ministro do Japão, Ishiba Shigeru, e o presidente dos EUA, Donald Trump, tiveram um encontro de aproximadamente 30 minutos na segunda-feira, à margem da cúpula anual do Grupo dos Sete (G7) no oeste do Canadá. Esta foi a segunda reunião presencial entre os líderes desde a visita de Ishiba à Casa Branca em fevereiro.

Encontro realizado nesta segunda-feira entre o presidente dos EUA, Donald Trump e o premiê japonês Ishiba na Cúpula do G7 no Canadá (Divulgação: JapanTimes).

O encontro bilateral era esperado há meses, com frequentes ligações telefônicas nas semanas anteriores e seis visitas do principal negociador tarifário do Japão, Ryosei Akazawa, a Washington desde abril, em uma tentativa de negociar um cessar-fogo comercial. Contudo, um avanço se mostrou ilusório, com Akazawa descrevendo as negociações como presas em uma “neblina densa” e sem um caminho claro para um acordo.

Tóquio manteve sua postura, publicamente, pelo menos, de que os EUA deveriam remover todas as taxas impostas ao Japão desde março, incluindo 25% sobre automóveis e autopeças, 50% sobre aço e alumínio, além de uma tarifa geral de 10% que subiria para 24% no início de julho se nenhum acordo fosse alcançado. Em uma rodada anterior de negociações no último fim de semana, ambas as partes tiveram “discussões muito aprofundadas” sobre “explorar a possibilidade de chegar a acordos mutuamente benéficos”, um fraseado incomum que sinalizou a esperança de um acordo na cúpula.

Paralelamente, Trump havia revertido na sexta-feira uma ordem de janeiro de seu antecessor que bloqueava a oferta de US$ 14,9 bilhões da Nippon Steel para comprar a U.S. Steel, permitindo a transação após um acordo de segurança nacional. Ishiba elogiou a decisão de Trump como um “caso simbólico” que reflete o fortalecimento da parceria EUA-Japão, dando a Tóquio novas esperanças nas negociações comerciais.

Fracasso nas Negociações e Turbulência Política no Japão

No entanto, o otimismo inicial foi quebrado por um anúncio urgente: as negociações entre Japão e Estados Unidos para a suspensão das tarifas de Trump fracassaram.

A principal razão para esse fracasso foi a saída às pressas do presidente Trump, que retornou a Washington D.C. Em um anúncio repentino, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, informou no X (antigo Twitter) que “o Presidente Trump teve um ótimo dia no G7, até mesmo assinando um grande acordo comercial com o Reino Unido e o Primeiro-Ministro Keir Starmer. Muito foi realizado, mas por causa do que está acontecendo no Oriente Médio, o Presidente Trump partirá hoje à noite, após o jantar com os Chefes de Estado.”

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, conversou com os reporteres nesta segunda-feira (16) durante a Cúpula do G7. (Divulgação: JapanTimes)

A partida de Trump significa que o G7 ficou sem seu líder mais importante no momento em que o bloco se preparava para abordar uma série de desafios, incluindo o crescente conflito entre Israel e Irã, a guerra na Ucrânia e as tarifas unilaterais dos Estados Unidos, que têm agitado a economia global.

Crise Iminente no Oriente Médio e Implicações para Ishiba

Ao deixar a cúpula às pressas, o presidente americano teria pedido a seus assessores que preparassem IMEDIATAMENTE a sala de crise da Casa Branca e convocassem as principais lideranças militares do governo. Em seguida, Washington emitiu um comunicado pedindo a evacuação IMEDIATA de Teerã. Neste momento, há uma movimentação anormal em bases americanas na Europa e um segundo porta-aviões está a caminho do Irã, indicando uma iminente “operação de ataque”.

A partida abrupta de Trump, embora possa ser vista por alguns líderes do G7 como uma oportunidade para preencher lacunas com o presidente dos EUA em várias questões, coloca o primeiro-ministro Ishiba Shigeru em uma posição delicada. Com o fracasso das negociações tarifárias e a ausência de um acordo, o Partido Democrático Constitucional (PDC), líder da oposição, deverá entrar com uma moção de desconfiança. Ishiba já havia informado que dissolveria a Câmara dos Representantes caso uma moção de censura fosse apresentada, indicando uma possível crise política interna em Tóquio em meio à turbulência global.

Com informações do JapanTimes e colaboração de Matheus Braga (@JLeagueInsider)