Pesquisa com mais de 12 mil trabalhadores no Japão mostra que o consumo regular de pratos típicos como peixe, soja e vegetais reduz risco de sintomas depressivos
Um novo e abrangente estudo científico revelou que a washoku, tradicional dieta japonesa rica em peixes, vegetais, soja e chás naturais, pode ajudar na prevenção da depressão. A pesquisa, publicada no início de junho na revista Psychiatry and Clinical Neurosciences, analisou os hábitos alimentares de cerca de 12.500 trabalhadores de cinco grandes empresas japonesas entre 2018 e 2021.
De acordo com os dados, 30,9% dos participantes relataram sintomas depressivos, como desânimo e desmotivação. A maioria dos entrevistados eram homens com idade média de 42,5 anos.
Os pesquisadores criaram duas escalas para medir a adesão à dieta japonesa: uma tradicional (de 0 a 9) e outra modificada (de 0 a 11), que também considerava frutas, vegetais crus, laticínios e menor consumo de alimentos salgados — todos associados a benefícios para a saúde mental.
O resultado foi claro: quanto maior a pontuação na adesão à dieta japonesa, menor a incidência de sintomas depressivos. Indivíduos que mais consumiam washoku tinham 17% a 20% menos probabilidade de sofrer de depressão em comparação com os que seguiam a dieta com menor frequência.
Embora outros fatores como idade, gênero, status marital, posição no trabalho, consumo de álcool, tabagismo, sono e exercícios físicos também possam influenciar a saúde mental, os cientistas ajustaram estatisticamente os dados para isolar o efeito da alimentação.
Os alimentos típicos da dieta japonesa, como algas marinhas, produtos de soja e vegetais, são ricos em folato, nutriente essencial na produção de neurotransmissores como serotonina e dopamina. Além disso, antioxidantes presentes no chá verde, natto e missô ajudam a proteger o cérebro contra o estresse oxidativo. Os pesquisadores ainda destacaram que o umami, sabor característico da culinária japonesa, pode estimular o sistema nervoso parassimpático, promovendo estabilidade emocional.