Morre Kunishige Kamamoto, maior artilheiro da história do futebol japonês, aos 81 anos

Lenda dos gramados e medalhista olímpico em 1968, Kamamoto faleceu de pneumonia; marcou 75 gols em 76 jogos pela seleção japonesa

Kunishige Kamamoto, considerado o maior atacante da história do futebol japonês, morreu neste domingo (10) aos 81 anos, vítima de pneumonia. A informação foi confirmada pela Associação Japonesa de Futebol (JFA).

Natural de Quioto, Kamamoto fez história ao marcar 75 gols em 76 partidas pela seleção masculina do Japão — um recorde que permanece imbatível até hoje. Ele foi o artilheiro dos Jogos Olímpicos do México, em 1968, com sete gols, ajudando o Japão a conquistar a medalha de bronze, sua melhor colocação olímpica até então.

Inspirado pelo astro português Eusébio, Kamamoto ficou conhecido por seu chute potente e habilidade de marcar de diferentes maneiras. No campeonato japonês, ele também se destacou: foram 202 gols e 79 assistências pela equipe Yanmar Diesel (atualmente Cerezo Osaka), onde jogou por 17 anos a partir de 1967. Ele foi artilheiro da liga em sete temporadas diferentes.

Saburo Kawabuchi, ex-presidente da JFA e primeiro presidente da J-League, resumiu sua importância:

“Após meio século, nenhum jogador chegou perto dele. Ele era realmente um jogador sem igual.”

Atrás de Kamamoto, aparecem Kazuyoshi Miura, com 55 gols, e Shinji Okazaki, com 50, na lista de maiores artilheiros da seleção japonesa.

Kamamoto enfrentou um grande obstáculo em sua carreira ao ser diagnosticado com hepatite viral em 1969, o que o impediu de disputar a Copa do Mundo de 1970. Ele não participou das duas edições seguintes, algo que chamou de “único arrependimento” da carreira.

Um possível contrato com um clube da Bundesliga, na Alemanha, não aconteceu, mesmo com o apoio do técnico alemão Dettmar Cramer, que mais tarde foi campeão europeu com o Bayern de Munique.

Em 1980, Kamamoto tornou-se o primeiro japonês a jogar pela seleção mundial, ao lado de craques como Johan Cruyff. Seu jogo de despedida, em 1984, contou com lendas como Pelé e Wolfgang Overath, no Estádio Nacional de Tóquio.

Após se aposentar, Kamamoto virou técnico do Matsushita Electric (atual Gamba Osaka), entre 1991 e 1994, além de ser vice-presidente da JFA por oito anos. Ele também atuou na política, como senador entre 1995 e 2001, e recebeu uma das maiores honrarias do Japão, a Ordem do Sol Nascente, em 2014.

Muito ativo na formação de novos atletas, Kamamoto conduziu mais de 1.200 clínicas de futebol pelo país. Um dos participantes foi Keisuke Honda, ex-jogador do Milan e da seleção japonesa, que relembrou com carinho seu encontro com o ídolo:

“Em termos de habilidade e mentalidade que um atacante deve ter, ainda temos muito o que aprender com o senhor Kamamoto.”

O futebol japonês se despede de sua maior lenda, cuja influência ultrapassou gerações e fronteiras.