Com 300 mil espécimes, museu japonês lidera coleção de peixes preservados na Ásia; acervo é usado em pesquisas, livros e até casos de saúde pública.
Em meio a prateleiras repletas de frascos com peixes preservados em etanol, o Museu da Universidade de Kagoshima, no sul do Japão, abriga a maior coleção de peixes preservados da Ásia, com cerca de 300 mil espécimes. A maioria foi coletada em águas do sul do Japão, Sudeste Asiático e Oceano Pacífico, tornando o acervo uma referência internacional em taxonomia e biodiversidade marinha.
Ciência, DNA e descobertas de novas espécies
Cada peixe é fotografado antes da preservação e tem amostras de carne separadas para testes genéticos. O acervo já permitiu a descoberta de 180 novas espécies e contém mais de 1.000 “type specimens”, usados como referência científica para descrição de espécies inéditas.
O responsável pela coleção é o taxonomista Hiroyuki Motomura, de 51 anos, que iniciou o projeto em 2005 com apenas 16 espécimes. Desde então, ele e seus alunos de pós-graduação vêm coletando peixes em locais como as Ilhas Ryukyu, Vietnã e Filipinas, enfrentando até dificuldades diplomáticas para obter permissão de coleta.

Rede colaborativa e apoio voluntário
A coleção é alimentada por uma rede de colaboradores que inclui aquários, pescadores e empresas de pesca. Muitos compram peixes raros em leilões e os enviam ao museu por conta própria. Em troca, Motomura compartilha relatórios detalhados sobre os estudos realizados.
Além disso, cerca de 20 voluntários se reúnem toda quarta-feira para ajudar na preparação dos espécimes, processo que leva cerca de um mês por peixe. Já participaram das sessões centenas de pessoas, de crianças do ensino fundamental a idosos.
Aplicações práticas e impacto social
O acervo também é usado em investigações de saúde pública. Motomura já foi chamado por centros de saúde para identificar peixes envolvidos em casos de intoxicação alimentar, comparando amostras com os espécimes preservados.
A coleção está registrada em um banco de dados digital, com cerca de 5.000 empréstimos anuais para instituições de pesquisa ao redor do mundo. As fotos dos peixes vivos são usadas em livros ilustrados e guias científicos, ampliando o alcance do projeto.

Embora o acervo não seja aberto ao público por questões de preservação, visitas podem ser agendadas por e-mail com o próprio professor Motomura: [email protected].
Com informações via Asahi Shimbun e World News