Tóquio atualiza plano de emergência para erupção do Monte Fuji com foco em remoção de cinzas e evacuação

Governo metropolitano define rotas prioritárias, níveis de risco e orientações para moradores em caso de queda intensa de cinzas vulcânicas

O governo metropolitano de Tóquio revisou seu plano de prevenção contra desastres vulcânicos para se preparar melhor diante de uma possível erupção do Monte Fuji. Pela primeira vez, o plano traz medidas práticas e específicas, como critérios para decidir quais ruas terão prioridade na remoção de cinzas e diretrizes claras para a evacuação de moradores.

Chamado de “Plano Regional de Prevenção de Desastres Vulcânicos de Tóquio”, o documento foi atualizado em maio com base em simulações feitas em um relatório do Conselho Central de Gestão de Desastres do governo nacional, divulgado em 2020.

O pior cenário considerado no plano prevê ventos de oeste-sudoeste persistindo por 15 dias, o que poderia depositar cerca de 120 milhões de metros cúbicos de cinzas vulcânicas em Tóquio. Regiões como Tama e grande parte dos 23 distritos especiais da capital poderiam acumular entre 2 a 10 centímetros de cinzas, quantidade cerca de 2,5 vezes maior que os destroços causados pelo terremoto e tsunami de 2011.

Ruas prioritárias e limpeza de cinzas

De acordo com o Departamento de Assuntos Gerais do governo metropolitano, os planos anteriores continham orientações muito vagas. Agora, o novo plano define rotas prioritárias para limpeza de cinzas, especialmente aquelas que ligam locais importantes como a sede do governo metropolitano, prefeituras distritais, hospitais, delegacias e serviços de emergência.

A queda de cinzas vulcânicas representa risco sério ao trânsito. Cinzas secas acima de 10 cm, ou apenas 3 cm quando molhadas, podem fazer veículos com tração simples derraparem. Para lidar com isso, o governo de Tóquio assinou em março um acordo com a Associação de Gestão de Estradas de Tóquio e outras entidades para a remoção rápida de cinzas, utilizando equipamentos especializados como varredores de rua e carregadeiras de rodas.

Orientações de evacuação por nível de cinza

O plano também detalha como os moradores devem agir, dependendo do nível de acúmulo de cinzas:

  • Menos de 3 cm: moradores devem permanecer em casa com cuidados básicos.
  • Entre 3 cm e 30 cm: o isolamento em casa continua sendo recomendado, mas abrigos poderão ser abertos, se necessário.
  • Mais de 30 cm: risco de colapso de construções de madeira. Moradores devem evacuar para fora da região.

Simulações indicam que áreas como Hachioji e Machida, no oeste de Tóquio, podem ser as mais afetadas, com mais de 30 cm de cinzas acumuladas.

Prevenção nas ilhas e alerta à população

O governo de Tóquio também vai revisar os mapas de risco e criar cronogramas de evacuação para regiões insulares como Miyakejima e Ilha Izu Oshima, que enfrentam erupções com frequência de algumas décadas.

Um representante do governo alertou:

“O Monte Fuji está adormecido há mais de 300 anos, desde a erupção de Hoei em 1707, mas uma nova erupção pode acontecer a qualquer momento. A queda de cinzas traz riscos à saúde. Queremos incentivar os moradores a estocarem máscaras e óculos de proteção.”