Candidatos evitam propostas da oposição sobre impostos e nomes familiares, recuam em promessa de auxílio financeiro e mantêm tom cauteloso em meio à crise política interna.
A disputa pela liderança do Partido Liberal Democrata (PLD) do Japão continua revelando divergências internas e cautela estratégica. Após a renúncia de Shigeru Ishiba, cinco candidatos disputam o comando do partido, com a eleição marcada para 4 de outubro. Apesar das diferenças em temas como segurança e alianças internacionais, os candidatos têm evitado propostas polêmicas da oposição, como redução do imposto sobre consumo e sistema de sobrenome duplo para casais.
Recuo em propostas sociais e fiscais:
Durante coletiva no dia 23 de setembro, os cinco candidatos expressaram resistência à proposta de permitir que casais mantenham sobrenomes separados, medida apoiada por partidos como o Constitutional Democratic Party e o Democratic Party for the People.
O ministro da Agricultura, Shinjiro Koizumi, que havia apoiado a ideia em eleições anteriores, afirmou:
“Minha crença de que precisamos ampliar as opções de vida permanece, mas é necessário consenso nacional e entre partidos.”
Os demais candidatos mantiveram postura conservadora:
- Takayuki Kobayashi sugeriu o uso ampliado de nomes de solteiro como apelidos
- Toshimitsu Motegi e Yoshimasa Hayashi defenderam diálogo com a sociedade
- Sanae Takaichi disse que temas com opiniões divergentes exigem tempo para formulação
A legislação japonesa exige que casais escolham um único sobrenome para registro familiar. Apesar de projetos de lei apresentados por partidos da oposição e pelo Nippon Ishin, a votação foi adiada, e os candidatos do PLD indicam que não haverá avanço no tema na próxima sessão extraordinária da Dieta.
Promessa de auxílio financeiro deve ser abandonada:
Outro ponto de recuo é a promessa de distribuir ¥20 mil (US$ 135) por cidadão, feita pela coalizão LDP-Komeito antes das eleições para a Câmara Alta. Após a derrota eleitoral, todos os candidatos indicaram que o plano será abandonado.
“O público claramente disse ‘não’ aos auxílios durante a eleição,” afirmou Takaichi em programa de TV no dia 22.
Em vez disso, os candidatos propõem medidas alternativas contra a inflação, como a revogação da taxa provisória sobre combustíveis, já acordada por seis partidos em julho.
Koizumi declarou:
“Quero acelerar as discussões entre governo e oposição para abolir essa taxa o quanto antes.”
Por outro lado, todos os candidatos rejeitaram a proposta de cortar o imposto sobre consumo, alegando que a arrecadação é essencial para financiar programas sociais e que mudanças exigiriam revisões complexas em sistemas comerciais.
Clima de cautela e foco em estabilidade:
Com o LDP agora em minoria nas duas casas legislativas, os candidatos evitam propostas ousadas e mantêm discurso voltado para estabilidade interna. O debate realizado pelo Japan National Press Club no dia 24 reforçou esse tom, com respostas vagas e pouca inovação.
A sucessão de Ishiba ocorre em um momento delicado, e o novo líder do PLD terá o desafio de reconstruir a base partidária, reconquistar apoio popular e lidar com pressões externas, especialmente em temas como segurança regional, relações com China e EUA, e reformas sociais.
Com informações via Asahi Shimbun – Link 1, Link 2 e Mainichi Shimbun