Japão aprova uso oficial de livros didáticos digitais nas escolas públicas a partir de 2030

Ministério da Educação planeja transformar materiais digitais em livros oficiais gratuitos para alunos do ensino fundamental e médio; especialistas alertam para desafios pedagógicos e de saúde.

O governo japonês anunciou que irá adotar oficialmente livros didáticos digitais nas escolas públicas, com previsão de implementação a partir do ano fiscal de 2030. A decisão foi aprovada em 24 de setembro por um grupo de trabalho do Conselho Central de Educação, órgão consultivo do Ministério da Educação.

Até agora, os materiais digitais eram considerados apenas recursos complementares, sem status de livro didático oficial. Com a mudança, os livros digitais passarão a ser distribuídos gratuitamente para alunos do ensino fundamental e médio, e estarão sujeitos à avaliação governamental, assim como os livros impressos.

Flexibilidade e inovação no ensino:

A nova política permitirá que conselhos locais de educação escolham entre:

  • Adotar apenas livros digitais
  • Utilizar modelos híbridos (papel + digital)
  • Manter o uso exclusivo de livros impressos

Segundo o conselho, a medida visa:

  • Ampliar as opções pedagógicas
  • Adaptar o ensino à sociedade digital
  • Estimular métodos criativos de aprendizagem

O ministério planeja revisar leis em 2026 e publicar diretrizes de uso até março de 2027.

Recursos e possibilidades digitais:

Os livros digitais poderão incluir:

  • Áudio e vídeo para vocabulário em inglês
  • Animações de figuras geométricas em matemática
  • Simulações de programação com código interativo

Atualmente, quase todas as escolas japonesas já contam com um tablet por aluno, distribuído até o final de 2022. Os materiais digitais atuais oferecem leitura em voz alta, ampliação de texto e guias fonéticos, mas são basicamente versões eletrônicas dos livros impressos.

A expectativa é que os novos livros digitais explorem o potencial exclusivo da mídia digital, enriquecendo o conteúdo educacional.

Atualmente, os alunos já podem acessar materiais digitais escaneando códigos QR em livros didáticos impressos com tablets. (Imagem via Asahi)

Os materiais acessados por QR codes em livros impressos também passarão a ser avaliados pelo governo, garantindo qualidade e consistência. O processo de avaliação de livros didáticos, atualmente feito a cada quatro anos, será revisado por especialistas, incluindo critérios para conteúdo em vídeo.

Com o aumento dos componentes digitais, os custos de produção e manutenção devem subir.
O governo discutirá modelos de precificação adequados, respeitando o teto de gastos vigente para livros gratuitos.

Especialistas alertam para possíveis impactos:

  • Sobrecarga para professores e editores
  • Problemas de visão e saúde entre estudantes
  • Desigualdade entre editoras pequenas e grandes

Há preocupação de que editoras com mais recursos dominem o mercado de livros digitais, reduzindo a diversidade de opções nas escolas.

Além disso, estudos indicam que alunos mais jovens podem se beneficiar mais do aprendizado com livros impressos, devido ao estágio de desenvolvimento cognitivo.

O ministério pretende apresentar diretrizes específicas por faixa etária e disciplina, indicando quando e como os livros digitais devem ser utilizados.

Com informações via Asahi Shimbun