Exportações caem com tarifas americanas; consumo privado sobe apenas 0,1% e habitação despenca 9,4%.
O governo japonês divulgou em 17 de novembro de 2025 que o PIB real encolheu 0,4% no trimestre julho-setembro em relação ao período anterior, o equivalente a uma retração anualizada de 1,8%. Foi a primeira contração em seis trimestres e interrompeu a sequência de crescimento que vinha desde meados de 2024.

Embora o número tenha ficado melhor que a mediana das previsões (-0,6% trimestral / -2,5% anualizado), os dados confirmam o forte impacto das tarifas americanas implementadas em setembro, após o acordo comercial Japão-EUA que fixou uma alíquota base de 15% sobre quase todas as importações japonesas (abaixo dos 27,5% iniciais sobre veículos).
| Indicador (jul-set 2025) | Variação trimestral | Variação anualizada |
|---|---|---|
| PIB real | -0,4% | -1,8% |
| Exportações | -1,2% | — |
| Consumo privado | +0,1% | — |
| Investimento corporativo | +1,0% | — |
| Investimento em habitação | -9,4% | — |
Principais Fatores da Retração
- Exportações: queda de 1,2% – o pior desempenho desde o “choque tarifário” de 2018-2019, com forte redução no envio de automóveis e peças.
- Habitação: colapso de 9,4% no investimento residencial, refletindo juros mais altos e confiança abalada.
- Consumo privado (mais de 50% do PIB): crescimento tímido de 0,1%, insuficiente para compensar os choques externos.
- Investimento corporativo: único ponto positivo, com alta de 1,0%, sustentado por gastos em tecnologia e IA.
Impacto na Política Monetária e Pacote de Estímulo
Os números enfraquecem a narrativa do Banco do Japão (BoJ) de normalização agressiva das taxas de juros. Analistas agora veem chance menor que 30% de alta em dezembro de 2025 (antes era >50%). Assessores próximos à primeira-ministra Sanae Takaichi pressionam por um pacote de estímulo robusto ainda em 2025 para proteger famílias do aumento do custo de vida e compensar o impacto tarifário.
Impacto para a Comunidade Nipo-Brasileira
Dekasseguis nas montadoras de Aichi, Shizuoka e Gunma enfrentam risco imediato de redução de horas extras e contratações congeladas. Exportadores de carne, soja e café brasileiros para o Japão (via portos de Kobe e Yokohama) já relatam pedidos adiados. No Brasil, empresas nikkei que importam autopeças japonesas terão custo maior com a desvalorização do iene frente ao dólar.
Com informações via NHK World
