Diplomata japonês em Pequim busca acalmar tensões com China após declarações de Takaichi sobre Taiwan

Encontro entre Kanai Masaaki e Liu Jinsong em 18/11; cancelamento de 30 tours chineses e alerta para estudantes japoneses na China.

Reunião Diplomática em Pequim para Desescalar Crise

Nesta terça-feira (18), o diretor-geral do Departamento para Assuntos da Ásia e da Oceania do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Kanai Masaaki, chegou a Pequim para uma reunião com seu homólogo chinês, Liu Jinsong, diretor-geral do Departamento para Assuntos da Ásia do Ministério das Relações Exteriores da China. O encontro, conforme fontes diplomáticas e reportagens dos noticiários asiáticos, visa aliviar as tensões bilaterais agravadas por declarações da primeira-ministra Sanae Takaichi sobre Taiwan.

Masaaki Kanai, ao centro, chefe do Departamento de Assuntos Asiáticos e da Oceania do Ministério das Relações Exteriores do Japão, chega ao aeroporto de Pequim em 17 de novembro de 2025. (Imagem via Mainichi)

Kanai deve enfatizar que os comentários de Takaichi em 7 de novembro, de que um ataque chinês à ilha poderia ser uma “ameaça à sobrevivência do Japão”, justificando resposta militar, refletem a posição convencional do governo, sem alterações na política oficial. Ele também defenderá que diferenças políticas não devem afetar interações humanas, como viagens e estudos, e condenará o post provocativo do cônsul-geral chinês em Osaka, Xue Jian (“a cabeça suja que se destaca deve ser cortada”), exigindo medidas da China.

A porta-voz chinesa Mao Ning reiterou a exigência de retratação, acusando Takaichi de violar o “núcleo dos interesses centrais” de Pequim. O People’s Daily, jornal do Partido Comunista, comparou a declaração a ambições imperialistas japonesas do século XX.

Impactos Econômicos e de Viagens: Cancelamentos em Massa

A crise já causa danos concretos. O governo chinês emitiu em 14 de novembro um alerta recomendando que cidadãos evitem viagens e estudos no Japão, citando “aumento de crimes contra chineses” e “comentários extremistas”, sem exemplos concretos. Três grandes companhias aéreas chinesas (Air China, China Eastern, China Southern) liberaram reembolsos e remarcações gratuitas, resultando em cerca de 500 mil cancelamentos de voos desde 15/11.

  • Turismo: Grupos como a RCC Inc. (agência de Tóquio) cancelaram 30 tours programados para final de novembro/início de dezembro, afetando 2-3 mil visitantes mensais – recuperação pós-pandemia interrompida. Uma chinesa em Tsukiji (Tóquio) lamentou: “Reservei há três meses; agora é tarde para cancelar.”
  • Educação: Nove grupos de visitas à Universidade de Tóquio (janeiro/fevereiro) foram cancelados. Uma universidade no oeste do Japão reportou desistências em programas de 1-2 semanas em dezembro.
  • Negócios: A Japan Seien Trading perdeu 10 acordos em um dia, com empresas chinesas citando “perigo no Japão”.

O Consulado Chinês em Osaka cancelou um evento de amizade Japão-China em Hiroshima, agendado para 21/11, por “motivos de segurança”, o cônsul Xue Jian era esperado para discursar.

O terminal internacional do Aeroporto de Fukuoka está lotado de visitantes da China e de outros países da Ásia, no bairro de Hakata, em Fukuoka, em 17 de novembro de 2025. Membros da indústria do turismo japonesa expressaram preocupação com os efeitos do agravamento das relações entre o Japão e a China. (Imagem via Mainichi)

No G20 na África do Sul (22-23/11), o premiê chinês Li Qiang não se reunirá com Takaichi, confirmou Mao Ning.

ImpactoDetalhesFonte
Voos Cancelados~500 mil desde 15/11Aeroportos
Tours Turísticos30 grupos cancelados (nov-dez)RCC Inc.
Eventos DiplomáticosAmizade JP-CN em Hiroshima canceladoConsulado Osaka

Alertas de Segurança e Medidas Japonesas

O Japão respondeu com alertas próprios: a Embaixada em Pequim pediu aos 3.391 filhos e alunos em escolas japonesas na China (mais 3.133 universitários em 2023 e 7.078 em instituições chinesas em 2022) para “ficarem atentos e evitarem aglomerações japonesas”. O ministro da Educação Yohei Matsumoto emitiu notificação em 18/11, citando incidentes passados de violência contra escolas japonesas.

O secretário-chefe do Gabinete Minoru Kihara afirmou: “Estamos abertos a diálogos em vários níveis no G20”, mas alertou para “medidas suficientes de segurança” baseadas em reportagens locais. Partidos governistas pedem que Xue Jian seja declarado persona non grata e expulso, o que poderia escalar para retaliações chinesas.

A China estendeu exercícios militares no Mar Amarelo até 25/11, com fogo real diário das 8h às 18h (hora local), e o presidente taiwanês Lai Ching-te pediu moderação a Pequim, chamando-o de “incômodo regional”.

Impacto para a Comunidade Nipo-Brasileira

A crise ameaça dekasseguis nipo-brasileiros no Japão (especialmente em Osaka e Tóquio), com possível boicote chinês afetando empregos em turismo e comércio. No Brasil, importadores nikkei de eletrônicos e autopeças chineses enfrentam atrasos; A diplomacia de Takaichi testa laços bilaterais, mas reforça alianças com Taiwan e EUA, beneficiando diásporas em fóruns multilaterais.

Com informações via NHK World, Asahi Shimbun – Link 1, Link 2