Diplomacia emperra com protesto japonês contra post de cônsul; Pequim suspende importações de frutos do mar e cancela filmes e eventos.
Reunião Sem Avanços em Pequim
Na terça-feira (18), o diretor-geral do Departamento para Assuntos da Ásia e da Oceania do Ministério das Relações Exteriores do Japão, Masaaki Kanai, reuniu-se com o homólogo chinês, Liu Jinsong, em Pequim, em tentativa de desescalar a crise diplomática. No entanto, fontes do Ministério japonês confirmam que as diferenças sobre as declarações da primeira-ministra Sanae Takaichi a respeito de Taiwan não foram superadas: Tóquio rejeitou a exigência de retratação, enquanto Pequim manteve sua posição dura.
Kanai defendeu que os comentários de Takaichi em 7 de novembro, de que um ataque chinês a Taiwan poderia ser uma “ameaça à sobrevivência do Japão”, justificando resposta militar coletiva, refletem a política convencional de Tóquio, sem alterações. Ele contestou o alerta de viagem chinês de 14/11, afirmando que a segurança pública no Japão não deteriorou, e renovou protesto contra o post do cônsul-geral em Osaka, Xue Jian (“cortar o pescoço sujo sem hesitação”), interpretado como ameaça direta.
Liu Jinsong, insatisfeito, descreveu o clima como “solene” em vídeo da CCTV, e a porta-voz Mao Ning culpou Takaichi pela “deterioração das relações”, exigindo retratação por interferir em “assuntos internos” chineses.
Retaliações Econômicas e Culturais
A crise se alastra para economia e cultura. Em 19 de novembro, Pequim notificou Tóquio da suspensão total de importações de frutos do mar japoneses, citando monitoramento da água tratada de Fukushima, mas no timing exato da escalada. O banimento, reimposto após alívio parcial em junho, afeta 1/5 das exportações japonesas de seafood (US$ 500 mi em 2025 até setembro), segundo dados chineses. O secretário-chefe do Gabinete, Minoru Kihara, negou recebimento formal, mas chamou para “exportações suaves”.
Outras medidas:
- Turismo: 491 mil cancelamentos de voos desde 16/11 (32% das reservas), 27x mais que novas reservas; Sichuan Airlines cancela rota Chengdu-Sapporo (jan-mar/2026).
- Cultura: Suspensão de filmes japoneses como “Crayon Shin-chan” e “Cells at Work!” (CCTV chamou de “decisão prudente” pelo “clima atual”); cancelamento de shows de comediantes Yoshimoto em Xangai e evento de amizade em Hiroshima (21/11).
- Academia: Reunião anual em Pequim adiada; programas de estudo em universidades japonesas com desistências chinesas.
Ações de turismo e varejo japonês caíram até 10% em 18/11.
Alertas de Segurança e Diálogos no G20
Tóquio emitiu alertas para 13.622 japoneses na China (3.391 em escolas, 3.133 universitários e 7.078 em instituições chinesas): “Evitar aglomerações japonesas, viajar em grupo e sair imediatamente de áreas suspeitas”. O ministro da Educação Yohei Matsumoto enfatizou: “Evitar incidentes passados em escolas japonesas na China”.
No G20 na África do Sul (22-23/11), o premiê chinês Li Qiang não se reunirá com Takaichi. Kihara e o chanceler Toshimitsu Motegi defendem “diálogos multilaterais” em governos e setores privados. O vice-chanceler Takehiro Funakoshi deve se encontrar com o embaixador chinês em Tóquio em breve.
Um oficial japonês compara a reação chinesa à de 2012 (compra das Senkaku), prevendo “repercussões por anos”. A embaixada americana no Japão reafirmou defesa das Senkaku.
Com informações via NHK World, Asahi Shimbun e Mainichi Shimbun
