Gastos das famílias caem de forma inesperada, ressaltando o impacto da inflação no poder de compra e elevando para 75% as chances de o Banco do Japão (BoJ) aumentar as taxas este mês.
O índice Nikkei 225 da bolsa de Tóquio despencou 1,5% nesta sexta-feira (05), anulando os ganhos acumulados durante a semana. A queda foi motivada por dados de gastos domésticos mais fracos do que o esperado e pelo crescente consenso do mercado de que o Banco do Japão (BoJ) está prestes a elevar as taxas de juros.
Dados oficiais revelaram que os gastos das famílias no Japão caíram de forma inesperada em outubro, registrando a queda mais rápida em quase dois anos. A inflação está corroendo o poder de consumo dos japoneses.
Títulos do Governo em Alta e Expectativa do BoJ
A expectativa de uma mudança na política monetária do Japão, que manteve taxas ultrabaixas por anos, está aquecendo o mercado de títulos do governo:
- Rendimento Recorde: O rendimento dos títulos do governo japonês (JGB) de 10 anos atingiu 1,94% no início da sessão asiática, o nível mais alto desde meados de 2007.
- Aposta na Alta: A probabilidade de um aumento de 0,25 ponto percentual na taxa de juros pelo BoJ no final deste mês está agora precificada em 75%.
O gatilho para essa alta nas apostas foi o governador Kazuo Ueda, que na segunda-feira (02) disse que o banco central avaliaria os “prós e contras” de aumentar as taxas. Fontes disseram à Reuters que o governo japonês está preparado para tolerar um aumento em dezembro.
Apesar da turbulência, o iene se manteve estável em 155 por dólar, bem acima de sua mínima de 10 meses de 157,9.
Mercados Asiáticos e Dados dos EUA
Enquanto o Japão lidava com a inflação interna, os demais mercados asiáticos apresentaram sessões mistas:
- O índice MSCI de ações da Ásia-Pacífico, excluindo o Japão, caiu apenas 0,1%.
- As ações da Austrália permaneceram praticamente inalteradas.
- O índice Hang Seng de Hong Kong perdeu 0,5%, enquanto as ações da Coreia do Sul subiram 0,7%.
Nos Estados Unidos, os investidores aguardavam a divulgação do índice de preços de despesas de consumo pessoal (PCE), o indicador de inflação preferido do Federal Reserve (Fed).
- Previsões do PCE: O consenso era de um aumento de 0,2% na medida core (núcleo) em setembro.
- Fed em Debate: O mercado futuro precifica quase 90% de chance de um corte de juros pelo Fed na próxima quarta-feira. No entanto, a decisão é considerada altamente controversa, já que vários membros votantes se opuseram publicamente a novos cortes.
Os títulos do Tesouro dos EUA caíram ligeiramente na sexta-feira, com o rendimento de 10 anos caindo 2 pontos-base para 4,092%.
Com informações via Asahi Shimbun
