De diplomatas a sakuras, descubra como a cidade serrana do Rio ajudou a moldar a imigração japonesa no Brasil e a fortalecer uma amizade centenária.

Escrito por:
CE Rodrigues
Muito antes do Kasato Maru atracar em Santos, a história entre Brasil e Japão já se desenhava em Petrópolis, lá na região serrana do Rio de Janeiro. Em 1897, dois anos após o Tratado de Amizade, Comércio e Navegação, a primeira delegação diplomática japonesa chegou à cidade, hospedando-se no Alexandria Hotel, hoje Convento Nossa Senhora de Lourdes, e instalando a primeira nunciatura japonesa na Avenida Sete de Abril.
Do papel e da diplomacia surgiria um futuro de milhares de famílias. Em 1906, o ministro Fukashi Sugimura elaborou o relatório que pavimentaria a imigração japonesa em larga escala. Alguns anos depois, pioneiros como Kazuto Fukuda chegaram à cidade, iniciando uma presença que logo se tornaria enraizada.
Durante a Era Vargas a vida não foi fácil, principalmente durante o estouro da Segunda Guerra Mundial, quando restrições culturais testaram a comunidade. Falar japonês era proibido, e ouvir notícias do país natal em ondas curtas pelo rádio, exigia muito cuidado. Ainda assim, famílias como Akiba e Yamamoto preservaram tradições, cultivaram a terra e construíram uma história de resistência silenciosa.
Entre 1973 e 2000, a Mitsubishi Heavy Industries trouxe nova força à presença japonesa em Petrópolis, e hoje, cerca de 300 descendentes contribuem em áreas como educação, tecnologia, gastronomia e cultura. Símbolos dessa amizade, como as cerejeiras plantadas em 1995 e 2018, florescem a cada primavera, lembrando que o vínculo entre Brasil e Japão é delicado, resistente e profundamente humano.
O Bunka-Sai, nascido do Nippon Matsuri em 2008, é a celebração dessa história. Lanternas, tambores, mangás, danças, gastronomia e cultura pop transformam o Palácio de Cristal em um pedaço do Japão, conectando gerações e mantendo viva a tradição centenária.
