J.League Insider: “Pá, acesso negado!”

Por: Matheus Braga (J,League Insider)

Antes mesmo de começar o duelo entre Kawasaki Frontale e Al Nassr, da Arábia Saudita, pelas semifinais da AFC Champions League Elite, eu fiz uma postagem nas redes sociais da J.League Insider com uma arte de divulgação.

Nesta arte, pelo menos no Instagram, selecionei a música ‘Arigatou no Hana’, o encerramento do filme de Gotoubun no Hanayome, ou As Quíntuplas, para o Brasil. Mais precisamente coloquei em uma parte da letra que pode ser traduzida desta forma:

“Vamos fazer um voto de agradecimento e um voto de grande amor. Sim, com você, tudo vai ficar bem. Estou orgulhoso (sabe, hoje) que grande dia.”

Escolhi essa parte de propósito, já que queria demonstrar como eu estava agradecido por amar a J.League e amar o Japão, mas que também estava orgulhoso do Frontale, independente do que acontecesse em Jeddah. Enfrentar Cristiano Ronaldo, já é difícil, com um dia a menos de descanso e depois de uma prorrogação jogada, fica quase impossível.

Venho batendo na tecla que, a partir deste ano, apenas vencer um clube saudita se torna semelhante a um título para qualquer clube de fora do golfo. São milhões investidos e vários benefícios concedidos pela AFC às equipes sauditas. Sabemos como Salman Al-Khalifa desejava, no mínimo uma final saudita.

Portanto, gostaria apenas que o Frontale competisse contra o Al Nassr, que fizesse Ronaldo e Stefano Pioli suarem frio. Que fosse diferente do Yokohama Marinos, que até foi bem, mas teve uma pane defensiva.

Falemos a verdade, todos na Ásia sabem que apenas os japoneses podem segurar os sauditas, talvez o Ulsan ou o Jeonbuk quando se reestruturarem, mas agora só a J.League é capaz de impedir a dinastia saudita na AFC… E mais uma vez fomos para o jogo com essa responsabilidade. Não só a de ser o único time do leste, mas a de ser o único não-saudita nas semifinais.

Na transmissão que fizemos na Mirai, destaquei como o Kawasaki Frontale estava mais preparado para encarar Cristiano Ronaldo do que o Yokohama Marinos. É uma equipe mais completa e com destaques em todas as posições do campo…talvez o posto mais fraco seja justamente o goleiro Louis Yamaguchi, apenas pela falta de experiência mesmo.

Só que nem nos melhores sonhos, eu imaginei que aos 10 minutos estariamos vencendo, ainda mais com um goalço de Tatsuya Ito. Veja, o camisa 37 veio da reserva do Magdeburg, da segunda divisão alemã! O único jogador do Al Nassr cujo time anterior está na segunda divisão, é o goleiro Bento e, mesmo assim, ele chegou com o Athletico na Série A e ainda é um goleiro de seleção.

Só que a vida dos times da J.League nunca é fácil… Mané empatou com um chute despretencioso, que desviou em Maruyama e enganou Yamaguchi. Lado positivo: pelo menos estavamos de volta a um empate e o Frontale não precisava se desesperar

E aqui faço uma pausa no jogo para falar especificamente de um atleta. KOTA TAKAI! Apenas 20 anos de idade, mas parece que são 20 de carreira! Hoje o jovem zagueiro do Kawasaki ANULOU um dos maiores jogadores da história do futebol, ao ponto de Cristiano Ronaldo deixar a área e jogar mais recuado, apenas para escapar da marcação de Takai…e quando voltava pra finalizar, lá estava o camisa 2.

Takai não deve ficar na J.League no meio do ano, se fala de interesse da Juventus ou do Porto, mas é fato que ele deve ir embora no meio do ano, espero que o Frontale cobre um preço justo por um zagueiro geracional. Alguém que anule CR7 deve ser vendido caro, muito caro.

Voltando a análise. Ainda no primeiro tempo, Shigetoshi Hase foi muito bem ao perceber as mudanças táticas de Pioli e adaptar seu time para defender em 4-4-2 e em 3-4-2-1, seja lá como Pioli armasse o Al Nassr.

Em mais um ataque organizado e calmo, Ito dividiu com Bento e Yuto Ozeki, prata da casa, estava lá pra finalizar e botar o Frontale de novo na frente. As vezes é bom não ter 7 estrangeiros em campo, da pras jóias da base brilharem!

Pioli ficou tão incomodado, que, ainda no primeiro tempo, aumentou para 9 o número de estrangeiros, colocou Laporte e Ângelo em campo, ou seja, lá vem a blitz saudita.

Hasebe reagiu no intervalo, colocando Wakizaka e Erison em campo para ter mais possibilidades defensivas e um cara lá na frente pra infernizar a defesa. E como Erison infernizou. Simakan e Laporte, dois zagueiros acostumados a marcarem os principais atacantes do mundo, mal viam El Toro, ex-Botafogo e São Paulo.

Aos 30 minutos do segundo tempo…Erison HUMILHA Laporte, chama o espanhol de trouxa ao apenas proteger e driblar com o corpo o zagueiro. Ienaga agradece e bota nas redes de Bento o TERCEIRO gol do Kawasaki Frontale.

O Al Nassr ainda diminuiu com mais um chute despretensioso que desviou na zaga e matou Yamaguchi e ainda deu tempo de Cristiano Ronaldo parar no franco-japonês do Frontale em cobrança de falta, mas o fato é que o Grêmio de Kanagawa frustou Al-Khalifa!

Mesmo com todo o regulamento contrário, os japoneses ainda lutam e ainda merecem respeito. A confederação, dos rivais, dos espectadores e dos jornalistas que cobrem a competição. Zebra? Nada disso! A Tradição não se compra, se conquista!

E é aquilo né…você chega lá na AFC, na sede em Kuala Lumpur, o Al Nassr bota o dedão na catraca e…

PÁ, ACESSO NEGADO!