Declaração ocorre em meio à alta recorde dos preços do arroz que pressiona famílias; Eto se retrata após críticas e mantém cargo.
O ministro da Agricultura do Japão, Taku Eto, enfrentou forte reação negativa após afirmar, em evento de arrecadação de fundos que não precisa comprar arroz porque recebe grandes quantidades do alimento de seus apoiadores políticos. A declaração gerou críticas imediatas, especialmente em um momento em que os preços do arroz atingem níveis recordes, pressionando severamente os orçamentos das famílias japonesas.
Eto disse: “Eu não compro arroz. Tenho tanto em casa, graças aos meus apoiadores, que até poderia vender.” A fala ocorreu enquanto seu ministério anunciava a liberação de reservas estratégicas de arroz para conter a alta dos preços, que quase dobraram em um ano devido a uma colheita ruim em 2023 e problemas na distribuição em 2024.
O primeiro-ministro Shigeru Ishiba convocou Eto ao seu gabinete e exigiu retratação, classificando a declaração como “problemática”. Apesar da pressão da oposição, que questionou a aptidão do ministro para o cargo e considerou suas palavras “insensíveis” e “inapropriadas”, Eto manteve-se no posto e prometeu trabalhar para aliviar a carga dos consumidores.
Em entrevista, Eto afirmou estar disposto a renunciar se o premier assim desejasse, mas enfatizou que se retrata totalmente e pede desculpas pelos comentários. “Minha esposa até me repreendeu por telefone”, disse ele, explicando que a declaração foi uma tentativa mal formulada de agradar o público.
A alta dos preços do arroz se soma ao aumento geral dos custos de alimentos e energia, afetando duramente os consumidores. Uma pesquisa recente mostrou que 87% dos entrevistados desaprovam a resposta do governo à crise dos preços do arroz, refletindo-se na popularidade em baixa do gabinete de Ishiba.
O governo já liberou cerca de 312 mil toneladas de arroz das reservas estratégicas desde março e planeja liberar mais 300 mil toneladas até julho, na tentativa de conter a disparada dos preços.
Líderes da oposição, como Junya Ogawa, do Partido Democrático Constitucional, e Yuichiro Tamaki, do Partido Democrático para o Povo, condenaram as declarações do ministro, ressaltando a dificuldade de muitas famílias em arcar com o custo do arroz.