Governo Ishiba cogita eleições antecipadas em meio a crise política, inflação do arroz e negociações tarifárias com os EUA.
A tensão política aumentou em Tóquio após aliados do governo sugerirem que uma moção de desconfiança contra o gabinete do primeiro-ministro Shigeru Ishiba pode acelerar a dissolução do Parlamento e a convocação de eleições antecipadas. Parlamentares do partido governista deixaram claro que Ishiba pode optar por dissolver a câmara baixa como resposta à pressão da oposição, especialmente do PDCJ, que tem força para apresentar a moção sozinho.
A possibilidade de um novo pleito surge em um momento delicado para o governo. O primeiro-ministro Ishiba enfrenta queda de popularidade após escândalos políticos, dificuldades econômicas e a recente crise do arroz, que elevou os preços do alimento básico e gerou insatisfação entre os eleitores urbanos. O governo também tenta avançar em negociações com os Estados Unidos para reduzir tarifas sobre produtos japoneses, outro ponto de pressão para a administração.
O líder do PDCJ, Yoshihiko Noda, afirmou que a disposição do governo em dissolver o Parlamento revela que a coalizão governista “não se importa em criar um vácuo político”. Ele destacou que essa postura será levada em conta na decisão sobre apresentar ou não a moção de desconfiança.
A Constituição japonesa determina que, se uma moção de desconfiança for aprovada, o primeiro-ministro deve dissolver a câmara baixa ou renunciar em até dez dias. Caso Ishiba opte pela dissolução, seria a segunda eleição geral em menos de um ano, após a última votação em outubro, na qual o PLD e o Komeito perderam a maioria parlamentar.
O secretário-geral do PLD, Hiroshi Moriyama, reforçou que a decisão final cabe a Ishiba, que prometeu agir “no momento certo”. Já o Komeito, parceiro de coalizão, rejeita a ideia de eleições simultâneas para as duas casas do Parlamento neste verão, defendendo que cada uma siga seu calendário constitucional.
Além da instabilidade política, Ishiba tenta conter a alta dos preços do arroz, agravada por uma safra ruim e políticas agrícolas criticadas por protegerem interesses de grupos tradicionais. O governo anunciou medidas emergenciais para aliviar o impacto nas famílias e empresas, enquanto negocia com os Estados Unidos para tentar reverter tarifas que afetam setores estratégicos.
O cenário segue incerto, com a oposição avaliando seus próximos passos e o governo sob pressão para recuperar a confiança pública e estabilizar a economia.